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Crianças portuguesas abusam dos doces e os idosos estão em risco

18 dez, 2014

Os maus hábitos alimentares são o principal factor de risco responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos no país, diz relatório "Portugal – Alimentação Saudável em Números 2014".

Crianças portuguesas abusam dos doces e os idosos estão em risco

Mais de metade das crianças com quatro anos comem doces todos os dias e a maioria dos idosos estará numa situação alimentar e nutricional de elevado risco, revela um relatório da Direcção-geral da Saúde (DGS), revelado esta quinta-feira. Quase metade dos portugueses tem excesso de peso.

O relatório “Portugal – Alimentação Saudável em Números 2014” cita um estudo que avaliou o estado nutricional dos idosos que frequentam centros de dia e de convívio no concelho de Paços de Ferreira mostra que mais de 50% apresentavam obesidade e que 31,8% estavam em risco de desnutrição.

“Dados agora apresentados pela primeira vez, embora não ainda de âmbito nacional, parecem indiciar uma situação alimentar e nutricional de elevado risco nas populações mais idosas, o que demonstra a necessidade de monitorizar o seu estado nutricional”, refere o relatório.

Segundo o estudo, 2,1% dos idosos analisados estavam já desnutridos e 15,1% tinham sarcopenia (perda de força e massa muscular).

O relatório da DGS reforça dados já conhecidos que apontam para que metade dos adultos portugueses tenha excesso de peso, com um milhão a ter já obesidade.

Bolos e doces
Cerca de 65% das crianças de quatro anos comem bolos e doces pelo menos uma vez por dia e a quase totalidade ingere sal a mais, segundo dados de um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto citado no relatório da DGS.

Estes dados reflectem o acompanhamento dos hábitos alimentares de mais de 8.000 crianças de quatro anos, nascidas em todos os hospitais e maternidades públicas do Porto em 2005 e 2006.

“Verifica-se uma ingestão de sódio acima do nível máximo recomendado em praticamente todas as crianças observadas (99%)”, refere o relatório. Aliás, nos questionários de frequência alimentar sobre as crianças em idade pré-escolar, 73% consome uma a quatro vezes por semana ‘snacks’ salgados (como piza, hambúrguer, batatas fritas).

Quanto aos doces, 65% das crianças consome-os numa base diária, sendo os doces e pastéis os alimentos que mais contribuem, depois do leite e da carne, para a ingestão de ácidos gordos saturados.

Também mais de metade das crianças de quatro anos avaliadas consome diariamente refrigerantes e néctares.

O relatório da DGS avisa que os hábitos alimentares não saudáveis começam praticamente desde o nascimento: “depois de instalados parecem prevalecer e condicionar toda a juventude e idade adulta, o que demonstra a necessidade de intervir cada vez mais cedo junto de grávidas e famílias”.

Factor de risco
Os maus hábitos alimentares são o principal factor de risco responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos em Portugal. Quase metade dos portugueses tem excesso de peso.

“Todas as acções de prevenção das principais doenças crónicas devem ter em conta que a alimentação inadequada é a principal responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos em Portugal”, refere o texto.

O documento volta a apontar para uma estimativa de metade da população adulta a sofrer de excesso de peso: cerca de um milhão de adultos são obesos e 3,5 milhões pré-obesos.

O relatório aponta ainda para uma melhoria na avaliação ou notificação dos casos de pré-obesidade e obesidade, já que aumentou em 150 mil o número de pessoas registadas como obesas nos cuidados de saúde primários entre 2011 e 2013.

[Notícia actualizada às 15h22]