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"Paciente zero" do ébola terá sido um menino de dois anos

30 out, 2014

Emile Ouamouno viveu em Meliandou, uma aldeia na floresta, na Guiné Conacri.

"Paciente zero" do ébola terá sido um menino de dois anos
A primeira vítima conhecida do vírus ébola terá sido um menino guineense de dois anos. Emile Ouamouno viveu em Meliandou, uma aldeia na floresta, na Guiné Conacri.

Esta é a teoria avançada por um grupo de investigadores do "New England Journal of Medicine". Segundo os cientistas, a criança terá contraído o vírus há quase um ano, a 6 de Dezembro de 2013.

O menino de dois anos terá sido contaminado por um morcego da fruta: através de uma mordida directa, comendo uma fruta já mordida por um deles, ou por ter comido a carne infectada de algum destes animais.

Na altura, Emile apresentou sintomas estranhos: febre, fezes pretas e vómitos. Um mês depois morria a irmã de três anos, a mãe, que estava grávida, e a avó.

"Antes de morrerem Emile e Philomene gostavam de jogar à bola. A minha mulher gostava de carregar o bebé às costas", revelou o pai, Etienne, o único sobrevivente desta família, a uma técnica de saúde da UNICEF.

Etienne conta que queimou as roupas e cobertores usados pelas crianças, mas manteve o pequeno rádio vermelho que Emile frequentemente pedia para o pai ligar, para que ele dançasse.

Quatro meses depois, 14 pessoas de Meliandou morreram. Foi nesta pequena aldeia, sem posto de saúde e a duas horas de viagem da capital Conacri, que começou a epidemia do ébola que já matou 4.922 pessoas.

Após estas mortes, uma parteira da aldeia passou o vírus aos seus familiares e a um profissional de saúde que a tratou noutro povoado, segundo a investigação publicada no “New England Journal of Medicine”. Mais tarde, esse profissional recebeu cuidados médicos no hospital de Macenta e o médico que o tratou também foi contaminado, tendo passado o vírus aos seus irmãos em Kissidougou. Todos acabaram por morrer.

O vírus transmite-se por contacto directo com o sangue e outros fluídos corporais ou tecidos de pessoas ou animais infectados.

Em Portugal não há casos registados. Perante a evidência de sintomas suspeitos o doente deve ligar para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e esperar que, se a situação for validada como suspeita, o INEM vá ao encontro do doente em causa.


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