A primeira vítima conhecida do vírus ébola terá sido um menino guineense de dois anos. Emile Ouamouno viveu em Meliandou, uma aldeia na floresta, na Guiné Conacri.
Esta é a teoria avançada por um grupo de investigadores do "New England Journal of Medicine". Segundo os cientistas, a criança terá contraído o vírus há quase um ano, a 6 de Dezembro de 2013.
O menino de dois anos terá sido contaminado por um morcego da fruta: através de uma mordida directa, comendo uma fruta já mordida por um deles, ou por ter comido a carne infectada de algum destes animais.
Na altura, Emile apresentou sintomas estranhos: febre, fezes pretas e vómitos. Um mês depois morria a irmã de três anos, a mãe, que estava grávida, e a avó.
"Antes de morrerem Emile e Philomene gostavam de jogar à bola. A minha mulher gostava de carregar o bebé às costas", revelou o pai, Etienne, o único sobrevivente desta família, a uma técnica de saúde da UNICEF.
Etienne conta que queimou as roupas e cobertores usados pelas crianças, mas manteve o pequeno rádio vermelho que Emile frequentemente pedia para o pai ligar, para que ele dançasse.
Quatro meses depois, 14 pessoas de Meliandou morreram. Foi nesta pequena aldeia, sem posto de saúde e a duas horas de viagem da capital Conacri, que começou a epidemia do ébola que já matou 4.922 pessoas.
Após estas mortes, uma parteira da aldeia passou o vírus aos seus familiares e a um profissional de saúde que a tratou noutro povoado, segundo a investigação publicada no “New England Journal of Medicine”. Mais tarde, esse profissional recebeu cuidados médicos no hospital de Macenta e o médico que o tratou também foi contaminado, tendo passado o vírus aos seus irmãos em Kissidougou. Todos acabaram por morrer.
O vírus transmite-se por contacto directo com o sangue e outros fluídos corporais ou tecidos de pessoas ou animais infectados.
Em Portugal não há casos registados. Perante a evidência de sintomas suspeitos o doente deve ligar para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e esperar que, se a situação for validada como suspeita, o INEM vá ao encontro do doente em causa.
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