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Adiar cirurgias por falta de camas é "um problema generalizado"

29 out, 2014

O IPO do Porto não é caso único. A Sociedade Portuguesa de Oncologia diz que a situação se repete “em todos os hospitais”.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia diz a falta de camas para atender os pedidos de cirurgias é uma situação generalizada, que põe em causa o sucesso do tratamento dos doentes.

Em declarações à Renascença, Joaquim Abreu de Sousa lembra que o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto “recebe dez mil novos doentes oncológicos por ano e a sua estrutura não aumentou de forma proporcional”.

Esta situação acontece “em todos os hospitais”, devido ao envelhecimento da população, que “tem tendência a necessitar de cada vez mais cuidados de saúde”.

“Um doente que vê a sua cirurgia adiada, porque não há uma cama disponível para o internar, compromete resultado do tratamento e o prognóstico da doença”, alerta.

A situação também foi confirmada pela presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos. Helena Gervásio defende que se a rede de cuidados continuados estivesse bem implementada, os problemas nos hospitais eram menores. "Se esta rede estivesse bem delineada, com camas suficientes, os problemas dos hospitais eram diminutos ou, pelo menos, seriam menos graves, porque os doentes podiam ser transferidos para essas unidades, libertando as camas dos hospitais que ficariam destinadas ao tratamento específico oncológico."

O presidente do conselho de Administração do IPO do Porto revelou à RTP que falta de camas para os doentes tem levado ao adiamento de cirurgias naquela unidade. Laranja Pontes diz que as restrições orçamentais que impedem o aumento do número de camas na unidade. A situação mais preocupante regista-se nos casos de reconstrução mamária, onde o tempo de espera chega quase aos quatro anos.