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A luz solar de Santiago de Cacém não é como as outras

10 out, 2014 • Rosário Silva

Primeiros resultados de um estudo científico indicam o que a sabedoria do povo dizia: neste concelho alentejano a luz é diferente. A câmara até pensa certificá-la.

A luz solar de Santiago de Cacém não é como as outras

Santiago de Cacém pode ser uma referência nacional em termos de benefícios na saúde e bem-estar provocados pela incidência da luz solar. No concelho alentejano, diz a sabedoria de tempos antigos e diz agora a ciência, a luz é diferente. Atenta, a autarquia local até pensa certificá-la.

É o que indicam os primeiros resultados da investigação que está a ser levada a cabo pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha, numa herdade onde se faz turismo ecológico, em Aldeia dos Chãos.

Ali foram colocados sensores que estão a transmitir dados sobre a luz solar, que os cientistas avaliam. O estudo "pioneiro em Portugal" começou em Setembro e vai durar três meses.

O estudo demonstra que a diferença entre o azul e o vermelho na luz solar em Portugal "representa quase o dobro daquilo que se passa na Alemanha, o que permite concluir que há uma grande diferença entre a luz da manhã [azul] e a luz da noite [vermelho] ", sublinha Sebastian Schnieder, um dos investigadores responsáveis pelo estudo.

"Fizemos alguma pesquisa interessante em laboratório, na Alemanha, e depois soubemos da incidência diferente da luz em Santiago do Cacém. Os resultados preliminares vieram confirmar isso mesmo e até excederam as expectativas", assegura o investigador.

Schnieder explica ainda que "a diferença entre a luz fria da manhã – a luz azul – e a luz quente da noite – a vermelha - é muito maior do que na Alemanha e isso deverá contribuir para que as pessoas aqui tenham uma saúde melhor".

A sabedoria dos antigos
Em alguns lugares do mundo, as propriedades da luz do sol revelam-se benignas, por exemplo, para "o ritmo cardíaco, a tensão arterial ou o combate à depressão", lembra Maria Loureiro, proprietária da herdade e membro da equipa coordenadora do projecto.

E Santiago do Cacém pode ser um desses lugares, uma vez que "fica num ponto relativamente alto e é distribuído por montes e vales".

"A distância a que se encontra do mar e a altitude, as partículas que são transportadas pela neblina que vêm do lado do mar contribuem, segundo os especialistas, para que a luz, aqui, seja diferente", sublinha

"É importante saber que há um lugar com benefícios para o bem-estar das pessoas, para a sua saúde e até para atrair investimentos", prossegue a empresária.

O objectivo final é mesmo a certificação da luz de Santiago de Cacém, diz o vereador do município Albano Pereira. Para além das potencialidades ao nível da saúde, haveria também um ganho para o "turismo e empreendedorismo", refere.

Lembram os responsáveis pelo estudo que, "desde o tempo da antiga Miróbriga romana, com templos e termas, hoje centro arqueológico em Santiago do Cacém, a luz nesta região é mencionada como diferente sendo suposto a luz quebrar-se aqui de forma própria".

É nesta linha que os cientistas da universidade alemã justificam a pertinência da investigação e a escolha de Santiago do Cacém. A curiosidade é grande no que toca a resultados finais, que os investigadores alemães pensam poder apresentar em Fevereiro de 2015.