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Desaconselhado mel nas chupetas de crianças com menos de dois anos

17 set, 2014

Advertência é feita com base em estudos do departamento de alimentação e nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) adverte os pais para não darem mel, nem colocarem nas chupetas, a crianças com menos de dois anos, sob pena de riscos para a saúde.

Advertência é feita com base em estudos do departamento de alimentação e nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

"Os pais devem ser advertidos que não devem disponibilizar a crianças com idade inferior a dois anos, mel e chá de ervas não indicadas para alimentação infantil", lê-se na publicação semestral da ASAE "Riscos e Alimentos", dedicada ao mel, e baseada em estudos do departamento de alimentação e nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

As oito investigadoras do INSA relatam naquela publicação o primeiro caso de botulismo infantil em Portugal, uma doença neuroparalisante, rara e grave, e que em Novembro de 2009 foi confirmada a um bebé com um mês de idade.

"O mel é um reconhecido veículo de esporos de 'clostridium botulinum' [nome da bactéria patogénica que pode gerar uma infecção alimentar]", explicam as investigadoras, adiantando que as causas primárias da contaminação do mel devem ser o pólen, o trato digestivo das abelhas, as poeiras e o solo.

Devido ao risco desta doença, as investigadoras condenam o hábito em muitos países de os pais colocarem mel na chupeta dos bebés para os manter mais calmos e criticam as revistas, "sites" e livros que aconselham a dar chá de camomila às crianças para aliviar dores de dentes e tratar cólicas infantis.

"Esta desinformação pode contribuir para o aumento do número de crianças em situação de risco", concluem as investigadoras, alertando que a água quente utilizada para preparar infusões de ervas habitualmente designadas como "chá" não destrói os esporos e pode até activar a sua germinação.