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Ordem insiste na demissão da administração do Hospital de Santa Cruz

13 set, 2014

Médicos contestam as conclusões "erradas" da inspecção sobre a morte de dois doentes, alegadamente por restrições orçamentais.

A Ordem dos Médicos contesta as conclusões da Inspecção-geral das Actividades em Saúde sobre a morte de dois doentes do Hospital de Santa Cruz, alegadamente por restrições orçamentais na instituição, e insiste em responsabilizar o hospital.

Um comunicado da Ordem exige a "demissão imediata" do conselho de administração. A não acontecer essa demissão, significará que é o Ministério da Saúde a assumir politicamente e o ministro da Saúde a assumir pessoalmente todas as responsabilidades do sucedido".

No dia 15 de Julho, a Ordem dos Médicos revelou em conferência de imprensa que os dois doentes teriam morrido enquanto se encontravam em lista de espera no Hospital de Santa Cruz para receber dispositivos médicos para tratar por via percutânea uma estenose aórtica de alto risco.

Após esta denúncia, a IGAS abriu um inquérito e concluiu que a mesma não tinha fundamento, considerando que "carece de fundamento a denúncia de que, igualmente por restrições orçamentais, não houve reparações e manutenção do equipamento da Unidade de Intervenção Cardiovascular", acrescenta.

Num relatório sobre "o caso das mortes no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental", a que pertence o Hospital de Santa Cruz, a Ordem considera que a IGAS chegou a "erradas conclusões", criticando, entre outros pontos, o facto de ter sido "elaborado por um jurista e uma administradora hospitalar, sem recurso a um profissional de saúde competente na área clínica em causa e sem presença de qualquer representante dos doentes".

Os corte e a capacidade de resposta
"É totalmente legítimo considerar que há um potencial conflito de interesses, conforme se provará, pois o Estado investigou-se a si próprio", lê-se no documento.

Para a Ordem, a inspecção da IGAS "não responde à questão fulcral, designadamente saber se os doentes em causa teriam significativamente mais probabilidades de ter sobrevivido se dispusessem do dispositivo em tempo útil".

"A Ordem dos Médicos reitera e prova que o conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental faltou à verdade na inspecção da IGAS e que, por razões financeiras e ignorando indicações clínicas urgentes/emergentes impediu a compra de Válvulas Aórticas Percutâneas (VAP) em número suficiente para os doentes que delas necessitavam".

"A Ordem dos Médicos reitera e prova que os cortes exagerados impostos pelo Ministério da Saúde ao Serviço Nacional de Saúde estão a reduzir a sua capacidade de resposta aos doentes, com graves prejuízos para os mesmos, o que significa que o SNS já não está a cumprir os seus desígnios constitucionais".