Tempo
|

Ministro da Saúde desvaloriza greve no Algarve

22 ago, 2014

Só teve "impacto" no sector público e os prejudicados foram os utentes que não têm alternativas, declarou Paulo Macedo.

Ministro da Saúde desvaloriza greve no Algarve

O ministro da Saúde desvaloriza as greves que têm ocorrido no sector. A paralisação desta sexta-feira no Algarve só teve impacto no sector público, disse Paulo Macedo.

Em dia de greve dos enfermeiros no Sul do país, com que vários outros profissionais de saúde estão solidários, Paulo Macedo disse que os efeitos não são significativos, nem o protesto faz grande sentido face a tudo o que o Governo tem feito.

“Nós não temos nenhuma greve dos enfermeiros no Algarve, o que nós temos é, mais uma vez, as unidades públicas a serem objecto de uma greve, sendo que são aqueles que não têm outras alternativas que são prejudicados por esta greve, porque o sector privado e o sector social estiveram a funcionar sem qualquer impacto”, declarou na inauguração e uma Unidade de Saúde Familiar, em Carnide, Lisboa. 

No caso dos enfermeiros o ministro da Saúde lembra, por exemplo, as contratações que têm sido feitas: “Este anos já recrutámos mais de 400 enfermeiros, o ano passado mais de 500 enfermeiros, vamos recrutar ainda este ano mais algumas centenas de enfermeiros, porque de facto precisamos de enfermeiros. É algo que vamos reforçar, mas temos que o fazer de uma forma programada e de acordo com as possibilidades do país”.

Também no caso dos médicos, o ministro da Saúde desvaloriza os protestos, sublinhando todo o trabalho que o ministério tem feito para melhorar as condições de trabalho daqueles profissionais. Paulo Macedo diz que nunca foram contratados tantos médicos como agora.

Sindicato fala em declarações desonestas
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) contesta as contas do Governo. A dirigente Guadalupe Simões diz que o ministro da Saúde faz declarações “intelectualmente desonestas” e não está a revelar todos os pormenores desse deve e haver. No ano passado, sublinha, muitos enfermeiros que entraram para quadro  “já exerciam funções nos diferentes serviços, alguns deles, há mais de dez anos” e em situação “precária”, não havendo um reforço significativo.

“Continua a não haver autonomia por parte das administrações no sentido de admitir o número de enfermeiros necessários àquilo que são as necessidades. São poucos para substituir o número de enfermeiros que têm vindo a sair”, sublinha a dirigente do SEP.

No Algarve, região onde os enfermeiros dizem ter conseguido esta sexta-feira mais de 80% de adesão à greve, o coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, lamentou as declarações do ministro.

Numa tribuna publica, em frente à Administração Regional de Saúde, aberta ao longo do dia a quem quisesse falar, João Semedo disse que o Governo prova todos os dias que quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).