28 jul, 2014
O preço pedido pela indústria para um novo medicamento para a hepatite C é “totalmente imoral”, acusa o ministro da Saúde.
O fármaco, reivindicado pelas associações de doentes, está a ser autorizado em casos avançados, para salvar vidas, diz Paulo Macedo.
O objectivo do Governo passa por tentar baixar os custos do tratamento, actualmente na ordem dos 50 mil euros. “O que queremos é ter uma estratégia concertada com outros países que também não aprovaram o medicamento e que são a maioria. Para tentar baixar [o preço], porque obviamente o preço é totalmente imoral", afirmou o ministro, questionado pelos jornalistas a propósito do Dia Mundial contra a Hepatite, que se assinala esta segunda-feira.
Concertar para baixar preços
Paulo Macedo já tinha sugerido uma aliança de vários países para tentar reduzir o preço dos novos medicamentos para a hepatite C, um novo grupo de fármacos que permite a cura definitiva em mais de 90% dos doentes tratados.
O governante insiste na ideia de uma estratégia concertada de vários países europeus, afirmando que Portugal quer, "de certeza, aceder à inovação", mas com preços que tornem possível a sua comparticipação.
O ministro citou o exemplo de outro medicamento para a hepatite C que já desceu cerca de 60% o seu preço face à proposta inicial dos laboratórios.
"Quando estamos a falar de negociações, de aceitar uma proposta/imposição num tempo ou noutro, e isso significa centenas ou dezenas de milhões de euros para os contribuintes, isso não admitimos", afirmou Paulo Macedo, à saída da sessão de apresentação do sistema nacional de avaliação de tecnologias em saúde.
O medicamento inovador para a hepatite C permite a cura definitiva de 90% dos casos, mas está a ser administrado apenas a doentes graves. Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, em Portugal há cerca de 150 mil casos de hepatite C, 700 dos quais muito graves.