Emissão Renascença | Ouvir Online

Mais de 17.400 abortos em 2013, o valor mais baixo desde a despenalização

12 mai, 2014

As desempregadas e as mulheres entre os 20 e os 24 anos são as classes com maior número de interrupões voluntárias da gravidez.

No ano passado registaram-se 17.414 interrupções voluntárias da gravidez (IVG) por opção da mulher, o valor mais baixo desde a despenalização do aborto, indica um relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS). São menos 994 abortos do que em 2012.

A entidade sublinha que "em 2010 e 2011 registou-se uma estabilização dos números de interrupções da gravidez realizadas. E nos dois últimos anos tem-se assistido à sua diminuição". De acordo com os dados da DGS, foram registados 19.921 abortos em 2011 e 18.408 no ano seguinte.

A classe etária dos 20 aos 24 anos é a que tem maior percentagem de abortos por opção, cerca de 23%, seguindo-se as mulheres entre os 25 e 29 anos (20,6%) e, depois, as de 30 aos 34 anos (20,3%). Mantém-se a tendência decrescente de interrupções em menores de 20 anos, de 11,2% em 2012 para 10,8% no ano passado. 
 
Quanto à ocupação, as desempregadas são a categoria predominante, com quase um quarto dos registos (23,6%), seguindo-se as trabalhadoras não qualificadas e as estudantes, que registaram ainda um aumento. 
 
"No que diz respeito ao grau de instrução, 35,7% das mulheres [que recorrem à IVG] têm o ensino secundário, 28,7% o 3º ciclo do ensino básico, 21% o ensino superior e 10,8% o 2º ciclo do ensino básico. Em 49 casos as mulheres referiram não saber ler nem escrever, o que corresponde a 0,3% do total", indica o relatório da DGS.
 
Mais de metade das mulheres que fez o aborto por opção tinha um a dois filhos e 40% indicaram não ter ainda descendência, dados semelhantes aos verificados nos anos anteriores.  De acordo com o documento, um total de 203 mulheres, 1,2%, optaram por parar a gravidez tinham já tido um parto nesse mesmo ano.

"Análise falsa"
Em declarações à Renascença, a presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado, contesta esta análise e diz que os números não dizem toda a verdade.

“A análise que diz que cai o número de abortos é uma análise falsa, porque, se há menos mulheres em idade fértil, há de certeza de diminuir o número de gravidezes e, consequentemente, o número de abortos”, sublinha Isilda Pegado, que volta a contestar a forma de contabilização usada pela DGS.

A presidente da Federação Portuguesa pela Vida diz que, "internacionalmente, os números são aferidos em função do número de nascimentos e a Direcção-Geral da Saúde aflora a questão, mas não a traduz em números claros". "Quanto a nós de uma forma facciosa", acrescenta.