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"Sem estudo, respeito e bom senso". PS critica reforma hospitalar

14 abr, 2014

Álvaro Beleza liderou a comitiva socialista que esta segunda-feira visitou equipamentos de saúde do interior do distrito do Porto.

O secretário nacional do PS, Álvaro Beleza, acusa o Governo de estar a impor ao país uma reforma hospitalar "sem estudo, respeito e bom senso".

"O Governo não é o dono do país, é o representante do povo para governar o Serviço Nacional de Saúde, que é de todos nós. O Governo tem obrigação de, quando faz estas reformas, ouvir as associações profissionais, os utentes e o poder local", critica.

O secretário nacional do PS comentava, em Amarante, a portaria publicada na quinta-feira em Diário da República e que vem categorizar os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em grupos de I a IV, hierarquizando as unidades de acordo com a natureza das suas responsabilidades e as suas valências.

Álvaro Beleza liderou a comitiva socialista que esta segunda-feira visitou equipamentos de saúde do interior do distrito do Porto, incluindo o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), com instalações em Amarante e Penafiel.

No âmbito daquela portaria, o CHTS foi incluído no grupo I destinado a hospitais que sirvam até 500.000 habitantes, o que, segundo os autarcas da região, poderá significar a perda de valências, como cirurgia cardiovascular, urologia e a maternidade, que é a segunda maior do norte do país.

"Portugal não é só Lisboa"
Em declarações à Lusa, Álvaro Beleza avisa que não se "pode fazer uma carta hospitalar a partir de Lisboa, porque, vincou, "Portugal não é só Lisboa".

"Não se deve fazer uma portaria com aquela relevância sem ouvir os peritos, o poder local e o PS, que é um partido de Governo", insistiu.

O responsável do PS para a área da saúde defendeu que a reforma hospitalar "tem de ser feita de uma forma cirúrgica e tecnicamente bem fundamentada".

"Não se anda a investir milhões em serviços de alta tecnologia para depois, por um desenho feito na Avenida da República, em Lisboa, dizer-se que esse serviço vai acabar", criticou.

"Respeito"
Acompanhado de deputados do PS e dirigentes locais daquele partido, Beleza defendeu ainda que "não se pode fazer diplomas que extinguem serviços", sem a realização prévia de "reuniões e conversas com os profissionais".

"Até admito que se possa fazer concentração no Porto, mas isto tem de ser feito com respeito pela história, pelo presente e pelos investimentos do ponto de vista financeiro que já se fizeram", declarou.

Ainda sobre aquela matéria, o secretário nacional do PS admitiu ser necessário "centralizar algumas áreas" e descentralizar outras.

"Nós temos de ter serviços altamente especializados em hospitais centrais, mas depois é preciso ter numa rede de cuidados de proximidade", considerou.

Questionado sobre se o PS já sabe quais as valências que poderá perder o CHTS, Álvaro Beleza respondeu: "O que veio a público é uma portaria que antevê a perda, em muitas unidades, de serviços e valências que tinham".

À Lusa acrescentou que o PS tem um gabinete "a estudar em pormenor" aquela portaria.