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Madeira ITI quer agarrar cérebros em fuga

05 dez, 2013 • José Pedro Frazão

Instituto de investigação vai receber fundos comunitários para aplicar na área da inovação pelo design e na interacção entre o homem e o computador.

A investigação académica portuguesa vai fazendo pela vida. Da Madeira vem agora um forte incentivo à fixação de especialistas na área da inovação pelo design e nos projectos que trabalham esse domínio cada vez mais importante da interacção entre o homem e o computador.

O Instituto de Tecnologias Interactivas (ITI) da Universidade da Madeira vai receber mais 2,3 milhões de euros de fundos comunitários para criar a cátedra portuguesa de investigação de alto nível no âmbito do 7º Programa-Quadro de Investigação da União Europeia.

Em entrevista à Renascença, Nuno Nunes, presidente do Madeira ITI, afirma que este financiamento vai “permitir estancar um pouco a fuga de cérebros e invertê-la, atraindo outras pessoas que poderão reforçar a equipa de investigação e inverter este fenómeno dramático”. 

O professor universitário admite que, nos últimos tempos, não tem conseguido travar a saída de talentos para o estrangeiro.

“Se há pessoa que sentiu muito em Portugal esse fenómeno fui eu e o nosso Instituto, que tem um corpo de investigadores muito internacional, são cerca de 14 nacionalidades, e nos últimos dois anos e meio perdemos seis investigadores, que foram atraídos para outras economias, desde a Coreia, Finlândia, Holanda, Brasil, Colômbia.”

A cátedra de investigação de alto nível no âmbito do 7º Programa-Quadro de Investigação da União Europeia “é um projecto que tem um financiamento muito significativo e que permite reforçar a equipa de investigação e desenvolver a área em que temos trabalhado, que tem um palavrão que se chama interacção humano-computador”, explica Nuno Nunes.

Esta área de trabalho tem aplicação, por exemplo, nos dispositivos móveis como os smartphones ou os tablets, que se têm vulgarizado nos últimos anos.

Além de atrair “cérebros” para a Madeira, Nuno Nunes explica que “um dos objectivos fundamentais do projecto” é “desenvolver capacidade cientifica, alinhada com a própria estratégia de desenvolvimento da região”, estabelecendo uma relação cada vez mais próxima com empresas nacionais e internacionais para criar “novas oportunidades de negócio”.

“Este tipo de financiamento irá permitir, de certa forma, criar condições para que as pessoas possam desenvolver a sua investigação em regiões como a Madeira e em países como Portugal. Isso significa não só financiamento para contratar o tal catedrático europeu e para que ele possa constituir uma equipa de investigação, em colaboração com a equipa que já existe cá, que possa criar também alguns laboratórios inovadores a nível europeu.”

O presidente do Madeira ITI destaca o facto de “já existir um grupo consolidado na Madeira que, provavelmente, é desconhecido do público em geral, mas que aparece nas maiores  conferências a nível europeu e mundial nesta área e tem uma forte ligação com a Universidade Carnegie Mellon, que é outro atractivo fundamental, porque é uma das melhores universidades do mundo e com a qual nós colaboramos de forma muito estreita há muitos anos”.