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ONU

Há 842 milhões de pessoas a passar fome no mundo

16 out, 2013

Todos os anos morrem 2,5 milhões de crianças com fome. Dois mil milhões de pessoas têm deficiências nutritivas, enquanto quase 500 milhões sofrem de obesidade. Solução está nas políticas públicas.

Assinala-se esta quarta-feira o Dia Mundial da Alimentação com o alerta de que 842 milhões de pessoas passam fome no mundo e mais dois mil milhões têm deficiências nutritivas.

"Uma em cada oito pessoas no mundo passa fome", lamenta o representante da agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Lisboa, Hélder Muteia, em entrevista à agência Lusa.

O também representante da FAo junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) acrescenta que todos os anos morrem 2,5 milhões de crianças com fome e dois mil milhões de pessoas não dispõem de vitaminas e minerais suficientes para uma vida saudável.

Por outro lado, 1,4 mil milhões de pessoas vivem actualmente com excesso de peso, dos quais quase 500 milhões sofrem de obesidade, o que acarreta ameaças de doenças cardiovasculares e diabetes.

Todos os anos, são gastos 3,5 biliões de dólares em saúde, 500 por pessoa - dinheiro que poderia ser poupado se estivesse garantida uma alimentação saudável para todos.

"Teríamos menos gente a ir aos hospitais e mais qualidade de vida, logo maior capacidade produtiva", conclui Hélder Muteia.

Por isso, o lema do Dia Mundial da Alimentação deste ano é "Pessoas saudáveis dependem de sistemas alimentares saudáveis".

O responsável da FAO acredita que hoje, num momento em que os padrões de consumo e de produção "estão, de certa forma, a pôr em risco a base de recursos que garante a vida no planeta", em que a água começa a escassear e há cada vez mais desflorestação e degradação dos solos, é preciso "fazer uma mudança de paradigma".

Hélder Muteia acredita que a erradicação da fome é possível, mas "depende muito de políticas públicas e lideranças fortes".

Recordando que 98% das pessoas que passam fome estão nos países em desenvolvimento, Muteia explica que a situação dos países desenvolvidos prova que é possível acabar com a fome: "Se há países onde apenas um ou dois por cento passam fome, é possível, com políticas públicas, com maior coordenação internacional, garantir alimentação para os mais vulneráveis".