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"Temos que agir". Obama tem um plano contra as alterações climáticas

26 jun, 2013 • José Pedro Frazão

Francisco Ferreira, da Quercus, diz que as metas agora definidas pelo presidente norte-americano são modestas, comparadas com o que já está a fazer a União Europeia.

Barack Obama tirou esta terça-feira o casaco, arregaçou as mangas da camisa e falou aos norte-americanos como "presidente, pai e americano", para lhes apresentar o seu plano de combate às alterações climáticas.

Num discurso na Universidade de Georgetown, em Washington, sob um sol abrasador, Obama explicou que o objectivo é reduzir as emissões de dióxido de carbono, proteger o país do impacto das mudanças climáticas e garantir que os Estados Unidos lideram os esforços internacionais para combater esse impactos à escala global.

Em declarações à Renascença, Francisco Ferreira, especialista em qualidade do ar e dirigente da Quercus, começa por referir que o plano Obama “era uma promessa que estava feita” e que vem trazer “expectativa para um acordo global, a ser assinado em Paris, em 2015”.

“Há um relançamento [da questão ambiental] à escala nacional quer também à escala internacional, mas os Estados Unidos têm nos últimos anos, mesmo já com a administração Obama, dificultado muito as negociações, portanto, vamos ver até que ponto há realmente alguma mudança”, diz Francisco Ferreira.

O dirigente da Quercus explica que as metas agora definidas pelo presidente norte-americano são modestas, comparadas com o que já está a fazer a Europa, por exemplo.

“Obama reafirma que vai reduzir as emissões em 17%, entre 2005 e 2020, mas isso corresponde a uma redução de 4%, entre 1990 e 2020. Basta comparar com a União Europeia, que já praticamente atingiu 20% neste mesmo período. É um discurso marcante, mas longe ainda que a Europa está a conseguir fazer e daquilo que é necessário para o planeta”.

Francisco Ferreira salienta que este plano tem como pontos positivos “as alterações climáticas estarem na agenda” e de Obama avançar com um plano que não tem de passar pelo congresso, onde seria difícil alcançar um consenso.

O documento, destaca o especialista português, também regulamenta as grandes centrais térmicas, principalmente as a carvão, “que têm um peso muito grande nas emissões de Co2 dos Estados Unidos” e aposta nas energias renováveis.

Entre os aspectos negativos, Francisco Ferreira assinala a manutenção da importância das centrais nucleares e “uma aposta algo contraditória na independência energética dos Estados Unidos com base em combustíveis fósseis, como o gás de xisto”.

“E uma esperança que existia, mas que tem tido muitas oposições, que é o carbono passar a ter um preço, definitivamente, Obama não vai por aí”, refere o dirigente da Quercus nesta entrevista à Renascença.