Emissão Renascença | Ouvir Online

Seis recomendações para evitar o cancro da pele

08 mai, 2013 • Marta Grosso

Secretário-geral da Associação Portuguesa para o Cancro Cutâneo descreve-lhe gestos e cuidados que não deve esquecer.

As campanhas de prevenção primária em escolas e praias estão a dar os seus frutos, mas ainda há caminho a percorrer para evitar as mortes associadas ao cancro da pele, sobretudo entre os jovens. "Os adolescentes ainda não interpretaram que o sol da escola é igual ao da praia. E se de facto os protectores solares duram, em termos de eficácia, uma ou duas horas na praia, não é fora da praia que duram mais", afirma à Renascença o secretário-geral da Associação Portuguesa para o Cancro Cutâneo (APCC), Osvaldo Correia. Agora que o bom tempo está de volta, e com ele uma maior exposição solar, tenha atenção a seis recomendações que deve ter em conta.


1. O CHAPÉU TEM DE PASSAR A SER MODA
A roupa e acessórios utilizados ao ar livre são fundamentais para evitar chatices futuras. "O chapéu tem de passar a ser moda", sublinha Osvaldo Correia, que aconselha a optar pelos de abas largas. "É o melhor método de protecção", sublinha. Quanto ao resto do vestuário, deve ter "um 'design' adequado para proteger o decote, os ombros, braços, antebraços, quer no acto de lazer e desporto, quer nas tarefas profissionais".

2. ROUPA ESCURA OU ROUPA BRANCA?
O secretário-geral da APCC diz que depende da porosidade da malha. "O tecido deve ser pouco poroso, ou seja, com uma malha não larga. Se o tecido for não poroso, qualquer cor serve; se o tecido for poroso, a cor escura, apesar de aquecer mais, protege mais dos ultravioletas. Se a sua camisola é de malha muito larga, prefira as cores escuras. A ideia de que são as cores brancas que melhor protegem não é verdade", explica. Estes cuidados devem ser respeitados no caminho para a praia e a vir da praia, bem como quando se está mais tempo ao sol sem possibilidade de ir para a sombra.

3. CONSULTAR OS ÍNDICES DE ULTRAVIOLETA ANTES DE SAIR DE CASA
Porque são os raios ultravioletas que queimam a pele, Osvaldo Correia deixa um apelo: "Quando vão fazer férias, um fim-de-semana, prática de desporto ao ar livre ou vão trabalhar e sabem que vai ser mais quente, consultem o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera para ver qual o índice de ultravioleta. Quanto mais elevado, mais risco de queimadura e mais risco, mais tarde, de cancro de pele". E atenção: "Nem sempre temos uma correlação entre temperaturas elevadas e índice ultravioleta elevado, ou seja, podemos ter dias de 20 graus com índices elevados. Estejam atentos, para que não sejam surpreendidos por dias que, não sendo muito quentes, originaram queimadura - sobretudo dias ventosos".

4. EVITAR SOLÁRIOS
"Está demonstrado que os solários favorecem o envelhecimento da pele, mesmo que por pouco tempo. Quanto mais cedo em idade [se começar a fazer solário], maior a probabilidade de cancro de pele, incluindo melanoma, mesmo em pessoas que não têm pele clara", adverte Osvaldo Correia. "Existe legislação de solários, mas pouca fiscalização. Continuam a existir solários próximo de faculdades, incitando jovens a fazer uma exposição ainda mais prolongada ao solário", critica o responsável da APCC.

5. A IMPORTÂNCIA DO AUTO-EXAME E DO MÉDICO DE FAMÍLIA
É muito importante o ajuste de comportamentos, mas também fazer o auto-exame para saber valorizar os sinais que aparecem. Osvaldo Correia apela à consulta do site da APCC e do Euromelanoma para avaliar esses sinais.  "O cancro de pele está a crescer, mas se for diagnosticado precocemente é curável", sublinha o dermatologista, deixando mais uma advertência: "A maior parte dos sinais não é perigosa, mas o cancro de pele é, na maior parte das vezes, matreiro e traiçoeiro, silencioso numa fase inicial". Daí a importância do médico de família. "O rastreio de cancro de pele deve estar como a apalpação da mama para o rastreio de cancro da mama", defende o secretário-geral da APCC. "O diagnóstico precoce é extremamente importante, porque, numa fase tardia, o melanoma mata e mata com metastisação frequente. Não deixe para o mês que vem e, muito menos, para o ano que vem um sinal que é suspeito."

6. RASTREIOS

Agora que o calor chegou, vão decorrer rastreios de cancro de pele em 34 serviços de dermatologia no próximo dia 15. A despistagem, feita no dia do euromelanoma, é dedicada sobretudo a pessoas de risco ou mais vulneráveis ao cancro cutâneo, como "as pessoas que, de repente, têm um sinal novo, diferente dos outros ou que se modificou". Também as pessoas que detectam uma ferida que não cicatriza, sobretudo numa zona de pele que foi exposta intensamente ao sol, devem fazer o rastreio e, em particular, as pessoas de pele clara e as que têm antecedentes familiares de cancro de pele. Se tem pele mais escura, mas frequentou solário e teve fortes exposições ao sol na infância e na adolescência, "esteja atento", recomenda ainda Osvaldo Correia. 



APCC defende acessibilidade a "novos fármacos para o melanoma"
"Não resolvendo nem dando a cura às pessoas, prolonga nalguns o tempo de vida. Queremos acessibilidade para os medicamentos do cancro de pele como existe para os do cancro da mama e do estômago ou do pulmão", afirma Osvaldo Correia, que integrou esta quarta-feira a delegação que esteve no Parlamento para pedir igualdade de acesso aos medicamentos entre doentes de cancro cutâneo e de outros tipos de cancro. Aos deputados da comissão parlamentar de Saúde foram ainda transmitidos os resultados dos inquéritos nas escolas e nas praias e as preocupações dos profissionais de saúde, entre os quais o director-geral da Saúde, Francisco George.