Um país oferece a sua cultura “não são políticos nem economistas”

António Lobo Antunes diz que desde o 25 de Abril nenhum Governo teve uma política cultural e o actual continua a não ter. O escritor, que é homenageado da edição deste ano do Escritaria, o festival literário que decorre até domingo em Penafiel, elogiou as autarquias.

Lobo Antunes considera que as câmaras são quem mais faz pela política cultural. “As únicas entidades que vi interessarem-se, com interesse real, pela cultura foram as câmaras municipais de norte a sul do país. Isto é extraordinário porque nunca nenhum Governo teve uma verdadeira política cultural. A Cultura nunca lhes interessou e parece que continua a não interessar porque, em si mesma, a arte é necessariamente subversiva e coloca em risco os poderes estabelecidos, transtorna, incomode, assusta”, disse.

António Lobo Antunes acrescenta que o que um país tem para oferecer é a sua cultura. Dos políticos e economistas não reza a história, afirma o autor. “Apesar de tudo o que se tem feito contra o livro, toda a política efectiva dos vários Governos contra a literatura, ela continua viva porque os portugueses continuam vivos. Se alguma coisa um país tem para oferecer é a sua cultura, não são políticos nem economistas”, acrescenta.

Lobo Antunes lança esta noite o livro "Não é meia-noite quem quer", em Penafiel, e estará mais logo depois das 23h no programa "Ensaio Geral" na Edição da Noite da Renascença.