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Morreu Emmanuel Nunes, o mais consagrado compositor português

02 set, 2012

Em declarações à Renascença, o maestro António Vitorino de Almeida sublinha o estilo único do compositor.

Morreu Emmanuel Nunes, o mais consagrado compositor português

O compositor Emmanuel Nunes, o mais consagrado compositor contemporâneo português, prémio Pessoa em 2000, morreu este domingo aos 71 anos num hospital em Paris.

Em declarações à Renascença, o maestro António Vitorino de Almeida sublinha o estilo único do compositor. 
“Há uma corrente estética que tem um número, de certo modo restrito, de adeptos e participantes. Como ele viveu sempre em Paris, foi um embaixador português extremamente importante”, diz o maestro.

“Há outros compositores e hoje em dia começam a surgir outras formas de encarar a música, mas ninguém substitui ninguém. Surgem novos compositores que não seguirão a linha do Emmanuel Nunes, mas não invalida nada da obra que ele deixou”, considera António Vitorino de Almeida.

A sua obra, repartida entre ópera, coro, música de câmara, é referenciada pelo partido que tira de conceitos como melodia e tonalidade e entre as suas obras principais contam-se "Litanies du Feu et de la Mer" e "Voyage du Corps".

Emanuel Nunes estudou harmonia e contraponto na Academia dos Amadores de Música de Lisboa e teve aulas particulares com Fernando Lopes Graça.

Entre 1962 e 1964, frequentou os Cursos de verão de Darmstadt, na Alemanha, tendo a oportunidade de estudar com Henri Pousseur e Pierre Boulez. Mais tarde, em Colónia, teve aulas com Stockhausen.

Ao longo das décadas de 80 e 90, do século passado, a sua obra foi passando a constar de agrupamentos importantes de música contemporânea como o Ensemble Modern ou o Ensemble Intercontemporain e apresentada em salas e festivais de todo o mundo, como o de Paris, Edimburgo, Bruxelas ou Zurique.

O Remix Ensemble, agrupamento residente da Casa da Música do Porto, tinha nos últimos anos uma ligação muito estreita com o compositor.