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Efeméride

Semanário Se7e lançado há 34 anos

15 jun, 2012 • Pedro Rios

“Foi uma aventura muito bonita, foi uma coisa feita com paixão. Não sou muito de olhar para trás, mas é com uma grande ternura que recordo esse período da minha vida”, recorda o primeiro director, Mário Zambujal.

Semanário Se7e lançado há 34 anos
Mário Zambujal não é muito dado a olhar para o passado. Mas quando se lembra dos tempos em que ajudou a lançar o semanário Se7e, pioneiro do actual jornalismo cultural português, não evita a “nostalgia”.

“Foi uma aventura muito bonita, foi uma coisa feita com paixão. Não sou muito de olhar para trás, mas é com uma grande ternura que recordo esse período da minha vida”, diz o escritor, que foi o primeiro director do jornal, cujo primeiro número foi para as bancas a 15 de Junho de 1978.
Com redacção na Avenida da Liberdade, em Lisboa, o Se7e foi uma pequena revolução no jornalismo português, ao especializar-se na actualidade do mundo da televisão e dos espectáculos.

“A ideia de fazer este jornal pertenceu ao António Rolo Duarte, que, infelizmente, já nos deixou”, conta Zambujal. A ideia foi acolhida pela Projornal, entidade fundada por jornalistas que também editava o semanário “O Jornal”.

Queriam “fazer alguma coisa parecida com o que se fazia nos jornais desportivos”: dar destaque a temas – da televisão à música – que tinham pouco (ou nenhum) destaque nos jornais generalistas.

Na capa do primeiro número o destaque é dado a Raul Solnado . A escolha indicava já a filosofia a ser seguida em números seguintes.

“Estamo-nos a servir um pouco da popularidade [de Solnado]. A compensação só pode ser feita dando ao meio [artístico] aquilo que ele não tem: revelando os artistas que não têm ainda expressão, mostrando as orquestras e os grupos de teatro que por aí andam”, explica.

Solnado era uma figura para “todas as idades” e para vários públicos, como o Se7e pretendia ser – daí a importância dada à televisão, que “tanto está em cena em Lisboa, como em Macedo de Cavaleiros”.

“O jornal, dando todo o relevo às coisas novas, tinha essa preocupação de manter os seus frequentadores”, diz Zambujal.
Entre as “coisas novas” que o Se7e acompanhava estavam as dezenas de bandas pop-rock que nasceram ou se afirmaram no início dos anos 80, dos GNR aos Xutos & Pontapés – o chamado “boom do rock português”.

O Se7e (por onde passaram nomes como Acácio Barradas, Pedro Rolo Duarte, Herman José e Luís de Sttau Monteiro)  abriu caminho para o maior espaço dado à cultura e ao entretenimento no jornalismo português. “Foram os próprios jornais, antes de aparecer a ‘TV Guia’, um concorrente poderosíssimo, que começaram a dar muito mais espaço [à cultura]. Aquele jornalinho [o Se7e] estava a triunfar e [por isso] começaram a dar mais espaço”.