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Orquestra XXI

Jovens emigrantes voltam a dar música em digressão nacional

28 ago, 2015 • Marília Freitas

A Orquestra XXI vai actuar em Oliveira do Bairro, Porto, Lisboa e Serpa. A digressão decorre entre 30 de Agosto e 4 de Setembro.

Jovens emigrantes voltam a dar música em digressão nacional
O mais novo tem 18 anos, o mais velho 32. São portugueses, mas maior parte vive em Inglaterra, Espanha, Suíça, Holanda. Estão agora de regresso para mais uma digressão da Orquestra XXI, um projecto criado em 2013, que reúne jovens músicos portugueses, a trabalhar ou a estudar no estrangeiro.

É a quinta digressão e maior desta jovem orquestra, tanto em número de concertos, como em número de elementos em palco. São 60 músicos, liderados pelo maestro Dinis Sousa, que vão percorrer Portugal de norte a sul em cinco espectáculos. Começam este domingo em Oliveira do Bairro e terminam no dia 4 de Setembro em Serpa. Durante a semana, passam ainda pelo Porto, Lisboa e Faro. O repertório inclui duas peças do compositor português Francisco de Lacerda, a estreia em Portugal da versão para orquestra da 1ª Sonata para clarinete de Brahms (uma versão de Luciano Berio) e a 5ª Sinfonia de Tchaikovsky.

À semelhança das digressões anteriores, a Orquestra XXI vai abrir um dia de ensaios a jovens músicos de conservatórios portugueses. “Vêm tocar connosco, lado a lado com os nossos músicos”, explica Dinis Sousa à Renascença. As inscrições para este dia de estágio foram superiores ao número de vagas. Entre estagiários e membros da orquestras, nesse dia vão ser quase cem os músicos sob batuta de Dinis. “É fantástico porque vamos ter uma orquestra enorme para tocar a Quinta Sinfonia de Tchaikovsky”, diz, entusiasmado, o maestro.

Conseguir apoios é “desesperante”
O projecto começou há dois anos e, nas digressões anteriores, já encheu algumas das principais salas de concertos do país. Conquistar o público foi fácil, mais difícil é atrair patrocinadores. “Aqui em Portugal ainda é muito difícil fazer coisas, às vezes é desesperante. Encontrar financiamento estável é muito difícil e isso é uma grande aflição. Nós temos tido sorte de termos dois patrocinadores leais, que se têm mantido connosco desde o início, mas para o projecto crescer temos que encontrar outros apoios.”

Além de maestro, Dinis é um dos fundadores da Orquestra XXI. Sempre que há uma nova digressão, a produção desdobra-se em contactos para angariar apoios, mas do lado dos potenciais patrocinadores nem sempre chega uma resposta. “Mesmo entrar em contacto com pessoas para apresentar o projecto é difícil”.

Dinis estudou e trabalha em Londres, na direcção de uma orquestra. Ao comparar a realidade portuguesa com a inglesa, constata que a diferença é “abismal”. Argumenta: “Em Londres, há muitas pessoas disponíveis e que têm interesse em apoiar e estar ligadas ao projecto desde o início porque têm orgulho nisso. É uma cultura completamente diferente e isso é o que custa mais”.

Reportagem "Prelúdio e Fuga. Uma orquestra de emigrantes", vencedora do prémio Videojornalismo Online nos Prémios Ciberjornalismo 2014