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"Viva a Grécia". Vencedora do Prémio Camões elogia "nação heróica"

07 jul, 2015

Escritora portuguesa Hélia Correia disse, na cerimónia de entrega do maior galardão literário de língua portuguesa, que sem a Grécia "não teríamos nada".

"Viva a Grécia". Vencedora do Prémio Camões elogia "nação heróica"

Hélia Correia dedicou à Grécia o Prémio Camões 2015 durante a cerimónia de entrega do maior galardão literário de língua portuguesa, que decorreu esta terça-feira, no Palácio Foz, em Lisboa.

"Quero dedicar este prémio à Grécia, sem a qual não teríamos nada. Viva a Grécia", disse a escritora portuguesa, a fechar a sua intervenção.

Depois do discurso, Hélia Correia disse aos jornalistas "a Grécia de hoje está a revelar-se um país tão heróico como uma Grécia antiga".
 
"Pensava nas duas nações em termos muito separados, porque muitos séculos, culturas, civilizações, separam a minha Grécia clássica da Grécia de hoje mas, de repente, eles estão lá, porque só o orgulho grego, o sentido da dignidade humana, da nobreza da democracia é que pode conseguir o género de reacção que estes gregos, nossos contemporâneos, estão a ter."

O Prémio Camões foi atribuído a Hélia Correia, por unanimidade, no passado mês de Junho, em reconhecimento da sua "vertente universal, pela forma como explora a natureza humana nos seus vários aspectos, pela atenção que dá ao mundo real", como sublinhou na altura à agência Lusa a presidente do júri, a investigadora Rita Marnoto.

Para o júri, Hélia Correia, seja no romance, no conto ou na poesia, explora a natureza humana "a partir das suas raízes na antiguidade clássica, projectando-a nos nossos dias, através de cruzamentos que se estendem a várias vias da literatura contemporânea".

Com a publicação de "A Terceira Miséria", obra distinguida em 2014 com o prémio Correntes d`Escritas, Hélia Correia quis homenagear a Grécia, destacando "a voz de um país que está a sofrer uma opressão impensável", como afirmou, na altura, durante o festival literário da Póvoa de Varzim.

Quando recebeu este prémio, Hélia Correia recordou os ensinamentos universais da Antiguidade e a sua importância para a actualidade: "Ver tudo o que existia na Grécia clássica, em que tudo era feito pelo homem, para o homem e à medida do homem".

O Prémio Camões foi instituído por Portugal e pelo Brasil como forma de reconhecer autores "cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento da literatura de língua portuguesa em todo o mundo", de acordo com a organização.

O primeiro distinguido, em 1989, foi o escritor português Miguel Torga.

O júri da 27.ª edição do Prémio Camões contou com Rita Marnoto, professora na Universidade de Coimbra, Pedro Mexia, crítico literário e escritor, Inocência Mata, professora nas universidades de Lisboa e de Macau, e pelos escritores Affonso Romano de Sant`Anna, António Carlos Secchin e Mia Couto.