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Quadro de Júlio Pomar vendido por 350 mil euros

27 mai, 2015

Um valor recorde para obras de portugueses leiloadas em Portugal. "O Almoço do Trolha" foi exposto, ainda inacabado, em 1947, quando Pomar, então com 21 anos, se encontrava preso no Forte de Caxias. O pintor só terminaria a obra em 1950.

Quadro de Júlio Pomar vendido por 350 mil euros

O quadro "O Almoço do Trolha", de Júlio Pomar, obra icónica do movimento neo-realista português, foi vendido em leilão, em Lisboa, por 350 mil euros, disse à agência Lusa fonte da leiloeira Palácio do Correio Velho.

A tela, uma das mais importantes de Júlio Pomar, de 89 anos, cujo início da carreira esteve ligado à afirmação do neo-realismo em Portugal, foi a leilão com uma base de licitação de 300 mil euros.

"O Almoço do Trolha" ultrapassou o valor recorde de um quadro vendido pela Palácio do Correio Velho, pertencente a "O Serão", de Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), arrematado por 309.255 euros, em 2001. O recorde nacional está entregue a um quadro de Vieira da Silva, arrematado por mais de 1,5 milhões de euros.

"O Almoço do Trolha" é uma das 23 obras de Pomar que vão ser leiloadas até quinta-feira. Oito são originais e o lote integra ainda 15 obras gráficas provenientes da colecção de Maria José Salvador e Manuel Torres, falecido este ano.

O quadro "O Almoço do Trolha" foi exposto, ainda inacabado, em 1947, na segunda Exposição Geral de Artes Plásticas da Sociedade Nacional de Belas Artes, quando Pomar, então com 21 anos, se encontrava preso no Forte de Caxias. O pintor só terminaria a obra em 1950.

Com 150 centímetros por 120, o quadro revela uma cena com uma família pobre, em que um trabalhador da construção civil come um modesto almoço, sentado junto à mulher e ao filho.

Depois de o leilão ter sido anunciado, o Palácio do Correio Velho recebeu uma notificação da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) dando conta da abertura de um processo de classificação do quadro.

O processo aberto pela DGPC pode demorar até um ano a estar concluído, mas, de acordo com a Lei de Bases do Património Cultural, a partir do momento que se encontra em vias de classificação a obra fica legalmente protegida, mas a venda continua a ser possível desde que se mantenha no país.