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Oliveira. Documentário inédito estreia-se no Porto

04 mai, 2015

Estreia de "Visita ou Memórias e Confissões", rodado em 1982, é esta segunda-feira no Rivoli. Na terça, será a vez de Lisboa ver o filme que Manoel de Oliveira fez para ser exibido após a sua morte. No final do mês, chega a Cannes.

Oliveira. Documentário inédito estreia-se no Porto
Um mês depois da morte do realizador Manoel de Oliveira, estreia-se esta segunda-feira, no Porto, o documentário biográfico inédito “Visita ou Memórias e Confissões”. Rodado em 1982, destinava-se a ser mostrado apenas a título póstumo.

“O cinema é a minha paixão e sempre tudo sacrifiquei à possibilidade de poder fazer os meus filmes”, afirma Manoel de Oliveira nos primeiros minutos do filme, rodado em 1982 quando tinha 73 anos, na casa onde viveu, no Porto, durante mais de 40 anos.

O documentário, que vai ter duas exibições com entrada livre no teatro municipal Rivoli, conta com diálogos escritos por Agustina Bessa-Luís, ditos por Diogo Dória e Teresa Madruga. Os actores dão voz a um casal que deambula pela habitação e que nunca se cruza com Manoel de Oliveira.

Durante pouco mais de uma hora, o realizador fala sobre os seus antepassados, aborda a relação com a morte e com o sofrimento, explica o fascínio pelas mulheres e recorda os dias que passou na prisão depois de ter sido detido e interrogado pela PIDE, nos anos 1960.

O filme é dedicado à mulher, Maria Isabel, que aparece por breves minutos a apanhar flores e a falar sobre a relação com o realizador.

O documentário foi feito quando Manoel de Oliveira estava a planificar “Non ou a vã glória de mandar”. Depois desse, ainda realizou mais de 20 filmes, entre os quais “A Divina Comédia”, “Vale Abraão” e “O Convento”.

Depois do Porto, “Visita ou Memórias e Confissões” é exibido na terça-feira em Lisboa, na Cinemateca Portuguesa, e em França, no final do mês, no festival de Cannes.

Manoel de Oliveira morreu a 2 de Abril, no Porto, aos 106 anos.