27 mar, 2015
Tomas Transtromer, distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2011, morreu aos 83 anos, anunciou esta sexta-feira o editor. O poeta sueco escreveu sobre Lisboa e o Funchal.
"É o maior ou um dos maiores poetas do mundo", afirmou o poeta Casimiro de Brito quando Transtromer foi galardoado com o Nobel.
Em Portugal, o poeta tem publicada a antologia "50 Poemas", numa tradução de Alexandre Pastor, da editora Relógio d`Água, e "As minhas lembranças observam-me”, seguido de “Primeiros Poemas", com um posfácio de Pedro Mexia, numa edição Sextante. Esta obra é recomendada pelo Plano Nacional de Leitura.
Tomas Transtromer publicou os primeiros poemas aos 23 anos, com o título “17 Poemas”. É um dos poetas mais importantes da literatura sueca e está traduzido em dezenas de línguas.
A sua obra reflecte as linhas do modernismo, expressionismo e até do movimento surrealista.
Tomas Transtromer sofreu, em 1990, um acidente vascular, que afectou a sua capacidade de falar e escrever.
Trabalhou como psicólogo junto de jovens detidos em casas de correcção, reclusos e toxicodependentes. Um dos hobbies do poeta sueco era tocar piano.
Em 1966 publicou um poema sobre a capital portuguesa, que foi traduzido por Vasco Graça Moura:
Lisboa
No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.
“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.
Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?”