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Uma camélia chamada Porto

06 mar, 2015 • Hugo Monteiro

Este fim-de-semana, há (muitas) camélias para ver em exposição no Porto. A cidade é a rainha destas flores – até tem a sua própria espécie.

Uma camélia chamada Porto
Porto é nome de cidade, de vinho e até de um clube. Mas também é nome de uma flor. Chama-se Camélia Japónica Cidade do Porto. É uma das quase 400 espécies de camélias exclusivamente portuguesas e floresce em Março, precisamente o mês em que a cidade homenageia aquela flor.

Do século XIX até aos nossos dias, a camélia é homenageada, este fim-de-semana, precisamente no Porto, numa exposição no Mosteiro de São Bento da Vitória. É já a vigésima edição do evento, num ano em que o Porto se assume como "A Cidade das Camélias".

"Facilmente se conseguem fazer novas variedades cultivadas desta planta. Por isso, no século XIX, surge uma profusão de diferentes cultivares, a que os viveiristas davam o nome ou de cidades, ou de pessoas importantes. Assim, nós temos a Camélia Japónica Cidade do Porto, bem como uma série de camélias que homenageiam muitas pessoas do Porto e isto ainda hoje se continua a fazer", explica à Renascença a presidente da Associação Portuguesa das Camélias, Eduarda Paz.

Os viveiristas
O nome da Camélia Japónica Cidade do Porto não foi escolhido por acaso. Há uma forte ligação histórica da cidade a esta flor. Terá mesmo sido a partir do Porto que a flor, que tem origem no Extremo Oriente, em países como a China, o Japão e o Vietname, se expandiu pelo Norte de Portugal e pela Galiza.

A camélia terá chegado ao Porto no século XIX, época em que a cidade era "essencialmente burguesa" e "fazia muito comércio com o estrangeiro".

"Tinha muitas famílias burguesas que gostavam de exibir os seus jardins, pelo que compravam, entre outras plantas, as flores exóticas e, nomeadamente, as camélias", diz a especialista.

Estas famílias adquiriam as sementes destas flores nos mercados de Inglaterra ou de França a comerciantes que as traziam do Oriente. É por esta altura que surgem no Porto muitos viveiristas.

"O mais importante era José Marques Loureiro. Foi, durante muitos anos, o fornecedor da Casa Real e, em 1865, quando faz o primeiro catálogo para a abertura da Exposição Internacional do Porto, no Palácio de Cristal, tinha já à venda no seu horto, na Quinta das Virtudes, cerca de 750 camélias", conta Eduarda Paz.

Para além do concurso que elege a Melhor Camélia e a Melhor Camélia de Origem Portuguesa, a exposição inclui o tradicional mercado da camélia e outras actividades.

Para além da exposição, a flor continua a ser o mote para uma série de eventos, que se prolongam até 14 de Março na cidade.