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Eureka! Um Almada que ninguém viu

18 dez, 2014

Museu da Electricidade, em Lisboa, revela obras nunca mostradas de Almada Negreiros, artista fundamental da arte portuguesa do século XX.

Eureka! Um Almada que ninguém viu

Desenhos, pintura e livros de artista de Almada Negreiros nunca antes revelados publicamente integram uma nova exposição do Museu da Electricidade, em Lisboa.

É "uma espécie de guarda-jóias" de um dos mais importantes artistas portugueses do século XX. "A personalidade de Almada emerge em toda a sua força", diz à Renascença o director cultural da Fundação EDP, José Manuel dos Santos.

A mostra "Almada Negreiros: O Que Nunca Ninguém Soube Que Houve (Desenho, Pintura, Livros De Artista)" "é feita a partir dos livros de artista que Almada fez durante toda a vida. Livros que usava como instrumentos de comunicação, mas também como instrumentos de investigação, ensaio e estudo. Outros eram usados como maquetes".

Comissariada por Sara Afonso Ferreira, a exposição, inaugurada a 12 de Dezembro, revela 70 obras do artista (1893-1970), provenientes do espólio da família, de colecções privadas e de instituições públicas.

"Esta exposição tem uma enorme modernidade porque há uma espécie de diluição das fronteiras. Aqui misturam-se imagens, palavras, literatura e artes plásticas, criação e especulação", destaca José Manuel dos Santos.

"Mostram-se aqui as experiências artísticas e especulativas de Almada em torno do desenho, da poesia e do número: livros de artista, ensaios caligráficos e de paginação, tipografia, manuscritos, desenhos de ilustração e pinturas, dando uma atenção especial à revelação de um vasto conjunto de inéditos, artísticos e bibliográficos", diz a sinopse da mostra.

É disso exemplo um livro de artista criado entre 1921 e 1922 por Almada Negreiros: "O Pierrot que Nunca Ninguém Soube que Houve. História Trágica e Ilustrada com Sol e Palmeiras". Este livro, até aqui desconhecido, inspirou o título da exposição. Destaca-se também um jornal manuscrito, "Parva ( em latim)", de 1920, e vários "ensaios de especulação geométrica".

Para prepararem a exposição, José Manuel dos Santos e João Pinharanda deslocaram-se com frequência ao ateliê do Alto de Santa Catarina, em Lisboa, onde está o espólio-arquivo-tesouro-ouro de Almada. O primeiro conta a história no texto de apresentação da mostra: "As manhãs que ali passámos, entre desenhos e palavras, foram encontros, reencontros, descobertas, surpresas, espantos. Éramos, naquele banho lustral, os Arquimedes a gritar 'Eureka!'."

A exposição pode ser vista até 29 de Março de 2015, ano em que se assinala o centenário da revista "Orpheu" na qual Almada teve uma participação fulcral.