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A comédia "mais dura" de Molière no D. Maria II

20 nov, 2014

"O Avarento" vai estar em cena até 7 de Dezembro.

A comédia "mais dura" de Molière no D. Maria II

A peça "O Avarento", de Molière, encenada por Rogério Carvalho, que a considera a "comédia mais dura" do dramaturgo francês, sobe à cena esta quinta-feira, na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), em Lisboa.

Em comunicado, o TNDM afirma que "O Avarento", peça estreada em 1668, é "aquela em que Jean-Baptiste Poquelin [conhecido como Molière] melhor soube traduzir as patologias do humano num predatório jogo burlesco do qual ninguém sai ileso".

A comédia é levada à cena pelo Ensemble-Sociedade de Actores, agrupamento artístico fundado em 1996 e que estreou esta produção em Novembro de 2009, no Nacional S. João, no Porto, e com a qual, em 2010, obteve o Prémio do Público no Festival de Almada.

Para o encenador, o "Teatro [é] a arte de contar; a sua primeira lei é não aborrecer", e há assim que saber "contar e guiar a atenção do espectador", construindo a sucessão dos acontecimentos, com "'suspense' e surpresa".

A peça estará em cena até 7 de Dezembro, com ume elenco constituído por Jorge Pinto, Emília Silvestre, Clara Nogueira, Ivo Alexandre, Isabel Queirós, Pedro Galiza, Vânia Mendes, Miguel Eloy, António Parra, João Castro e Ivo Luz Silva.

"O Avarento", afirma o TNDM, "é uma comédia que faz rir, além dos séculos", e "três séculos e meio mais tarde, todos os seus arquétipos continuam a encontrar correspondência nas pessoas que vemos, ouvimos e lemos".

"Reler a avareza de Harpagão [personagem principal], a ganância dos homens, dos respeitáveis homens de negócios, é oportunidade quase irónica em anos de crise financeira global", atesta o Nacional D. Maria II.

Para o Ensemble, este é um "olhar novo sobre Molière, uma nova relação dialéctica entre este genial observador de costumes e o público".

"Queremos perceber como jogam hoje em cena os seus beatos que não acreditam em deus, os seus médicos de pouca fé na medicina, os seus advogados que enganam a lei, os seus críticos que não sabem distinguir o bom do mau, os seus pedantes que se servem da ciência para as honrarias do seu prestígio pessoal, as suas mulheres que professam o amor à literatura e ao conhecimento em puro exercício de snobismo, os seus poetas que trocam insultos como vulgares lacaios", afirma o Ensemble.