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Opinião

Mário Vieira de Carvalho sobre o OE 2015. Uma operação contabilística

17 out, 2014 • Mário Vieira de Carvalho

A Renascença convidou 12 personalidades a escreverem sobre o Orçamento do Estado. Palavra ao ex-secretário de Estado da Cultura Mário Vieira de Carvalho.

Mário Vieira de Carvalho sobre o OE 2015. Uma operação contabilística
Não há grandes modificações neste Orçamento do Estado, e aquilo que se diz ser um aumento trata-se apenas de uma operação contabilística.

O que me parece mais grave e que não tem a ver com o orçamento mas como a sua aplicação. Por exemplo, no caso do Teatro São Carlos que tem um coro e uma orquestra pagos para tocar todo o ano, mas está parado 300 dias por ano. Isto porque não há uma política de dar emprego artístico aos cantores portugueses que podia contribuir para criar uma cultura músico-teatral com continuidade.

Se formos para os teatros que estão espalhados por todo o país, percebemos que não se tem apostado numa coisa que me parece fundamental: a produção artística local.

Vive-se uma crise muito grave e não se tem entendido a necessidade dessa acção estratégica. Independentemente de haver mais ou menos orçamento penso que devia haver uma política activa nesse sentido.

Precisamos de uma estratégia concertada de criação de emprego artístico em Portugal, em que se crie massa crítica de produção que permita criar conteúdos culturais em língua portuguesa que tenham um potencial de exportação. Esse vector não deve ser desprezado.

Os bens culturais podem ser exportados. Nós exportamos pouco, importamos mais. Mas para a exportação crescer temos de criar estruturas que comecem por funcionar bem entre nós.

A partir de uma conversa com o jornalista João Carlos Malta

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