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Cidades termais do império romano juntam-se em Chaves

09 out, 2014 • Olímpia Mairos

A cidade tem as maiores termas medicinais romanas da Península Ibérica e quer lançar as bases para a criação de uma rede internacional das cidades termais romanas.

Cidades termais do império romano juntam-se em Chaves
A cidade de Chaves promove, entre 16 e 18 de Outubro, o “Symposium Aquae: Cidades Termais no Império Romano”, um encontro que vai reunir especialistas mundiais, numa representação geográfica alargada.

Serão conferencistas especialistas de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Turquia e Hungria que se propõem "produzir conhecimento e dar a conhecer o nosso valiosíssimo património”, explica à Renascença o presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira.

Além da “partilha e aprofundamento de conhecimentos sobre a importância das termas medicinais na cultura romana, nomeadamente em termos arquitectónicos, medicinais, religiosos, administrativos e de exploração do território”, o encontro visa “promover a cidade em termos turísticos”, acrescenta o autarca.

O encontro pretende ainda lançar as bases para a criação de uma rede internacional das cidades termais romanas.

António Cabeleira sublinha que, com a criação da “rede de municípios, com balneários romanos terapêuticos”, estão a “potenciar o turismo e a valorizar o património”. Para o presidente flaviense, a rede servirá também para obter financiamentos “que permitam colocar a descoberto e valorizar mais os achados que as cidades termais possuem”.

O "Symposium Aquae: Cidades Termais no Império Romano" é organizado pela Câmara Municipal de Chaves e é cofinanciado pelo ON.2 - O Novo Norte, Programa Operacional Regional do Norte, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Maiores termas medicinais
Chaves possui as maiores termas medicinais romanas da Península Ibérica. Este legado está a ser objecto de um projecto de estudo e musealização e que vai dar lugar ao primeiro museu termal romano de Portugal.

“O balneário romano da cidade de Chaves é incomparável em monumentalidade, espólio e estado de conservação, relativamente a outros balneários romanos de tipo terapêutico, existentes em território nacional e mesmo a nível internacional”, afirma o presidente da Câmara de Chaves.

Achadas ao acaso
A descoberta das termas romanas de Chaves, em 2006, “foi um acaso”, lembra o autarca. Cabeleira conta que “a autarquia planeava construir no local, situado no centro histórico da cidade, um parque de estacionamento subterrâneo, mas, durante os trabalhos de sondagem, deparou-se com os vestígios de uma muralha seiscentista e de um complexo termal romano, e travou de imediato a continuação do projecto”.

As escavações arqueológicas entretanto realizadas revelaram “a existência de um balneário em excelentes condições, com as canalizações a funcionar”.

Os trabalhos arqueológicos permitiram ainda recolher um conjunto diversificado de objectos de “grande qualidade”. Entre peças de joalharia, objectos de uso quotidiano em madeira e osso, foi encontrado um 'pyrgus', ou torre de dados em bronze, “de grande valor”, existindo apenas mais um na Europa e outra no Egipto, em madeira.

Tal como as restantes cidades romanas com o elemento "aquae" no seu nome, cerca de uma centena em todo o Império, e oito conhecidas na Hispania, Aquae Flaviae era uma verdadeira estância termal no período romano. O balneário, que constituiria o núcleo definidor do aglomerado urbano, deveria ocupar, juntamente com os edifícios anexos de exploração das nascentes, uma parte considerável da área total da cidade. Tratava-se de termas de tipo terapêutico, muito diferentes, tanto em forma como em função, das termas higiénicas comuns a todas as cidades romanas.

Primeiro Museu virtual de Trás-os-Montes
Classificado como monumento nacional em 6 de Dezembro de 2012, o balneário romano da cidade de Chaves vai dar lugar a um museu, orçado em cerca de dois milhões de euros, e que deverá ser inaugurado no próximo ano.

“As peças encontradas não serão expostas naquele local, mas exibidas virtualmente, usando a tecnologia 3D-laser”, revela à Renascença o autarca António Cabeleira, acrescentando que “figuras humanas vestidas à época irão apresentar, em várias línguas, o achado arqueológico”.
“Será o primeiro museu virtual de Trás-os-Montes”, frisa.

Os achados arqueológicos serão visitáveis no museu da Região Flaviense, porque, diz o autarca, “o museu das Termas Romanas irá ter uma humidade grande, uma vez que o espaço vai continuar a ter água quente”.

Para além do espaço destinado à contemplação e interpretação das ruínas encontradas, o núcleo Museológico contemplará, entre outras valências, uma loja destinada à venda de produtos relacionados com os vestígios das Termas Romanas de Chaves, bem como um centro de documentação.