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O que faz arte urbana portuguesa na terra da Primavera Árabe?

16 ago, 2014

Mais de cem artistas, incluindo quatro portugueses, fazem de aldeia tunisina um museu a céu aberto.

O que faz arte urbana portuguesa na terra da Primavera Árabe?

Uma aldeia da Tunísia, berço da Primavera Árabe, foi transformada num museu a céu aberto. O projecto conta com a participação de quatro artistas portugueses.

Mário Belém, Add Fuel, Pantónio e Arraiano estão entre os 150 artistas de todo o mundo a deixar marca em Erriadh, na ilha de Djerba, no âmbito de uma iniciativa da galeria francesa Itinerrance.

"Djerbahood", assim se chama o projecto inaugurado no início do mês, "ambiciona ser um verdadeiro e único museu a céu aberto".

Os quatro portugueses foram escolhidos por Lara Seixo Rodrigues, do Festival de Arte Urbana da Covilhã - Wool, "para deixarem a sua marca distintiva num projecto artístico único", referiu a própria à agência Lusa. 

Diogo Machado, que assina como Add Fuel, conta que deixou nas paredes de Erriadh "três pinturas distintas", trabalhos “com base na numa reinterpretação contemporânea da azulejaria portuguesa, mas neste caso especifico adaptado à cerâmica e padronização tunisina".
 
Uma das obras ficou na casa de uma família, "que estava em preparações para um casamento". A família gostou tanto do trabalho de Add Fuel que até o convidou para o casamento. 

Já Mário Belém ofereceu a Erriadh duas pinturas: "'L'Artiste', que mostra "um senhor a pintar um friso com um padrão típico de Djerba", e "'Mobilette', onde um pai anda de mota com os seus dois filhos".  
 
Neste museu a céu aberto tunisino, Arraiano deu continuidade ao projecto "Emotional Landscapes" e protagonizou uma experiência "bastante intensa, curiosa e interessante no plano pessoal e profissional". 
 
"As temperaturas elevadas, a dificuldade de comunicação, o ter de respeitar as regras do Ramadão, não podendo sequer comer ou beber água em espaço público, e as dificuldades de produção, visto as condicionantes do local, tudo isto contribuiu para um maior desafio na execução da peça", relatou. 
 
Lara Seixo Rodrigues foi desafiada a participar no projecto pela Galerie Itinerrance, de Paris, responsável também pelo Tour13, no qual participaram mais de cem artistas urbanos, entre os quais 11 portugueses, que "ocuparam" um prédio de dez andares, entretanto demolido, na capital francesa. 
 
Até ao final de Agosto passarão por Erriadh artistas de países como o Brasil, Japão, China, Marrocos, Arábia Saudita, Austrália, Reino Unido ou Espanha, a quem "foi pedida a execução de um (ou mais) trabalho artístico original, tendo em conta a autenticidade e especificidade do ambiente local, procurando sempre uma valorização estética do mesmo".