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"Artivistas" ocupam museu lisboeta em protesto

04 jul, 2014

Inauguração de exposição transformou-se numa acção de "defesa do direito à Cultura".

"Artivistas" ocupam museu lisboeta em protesto

Perto de 50 pessoas ocuparam esta sexta-feira a sala de entrada do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC), em Lisboa, concretizando "a ocupação 'artivista'", na inauguração da instalação multimédia de Rui Mourão. 
 
O artista incitou os convidados da inauguração da sua mostra "Os Nossos Sonhos Não Cabem Nas Vossas Urnas", no Museu do Chiado, a participar numa ocupação pacifista da instituição.

"Estamos aqui em ocupação 'artivista' do Museu Nacional de Arte Contemporânea. Estamos a ocupar o Museu em defesa do Museu e não contra o Museu", disse o artista, na abertura da exposição, que procura demonstrar que o protesto político também é arte. 
 
A acção de protesto é feita "em defesa do direito à Cultura", explicou Rui Mourão, em declarações à agência Lusa.  
 
As pessoas, munidas de sacos-cama, como num acampamento, realizaram uma assembleia que votou pela continuação da sua presença nas instalações do museu, que se encontra fechado.  
 
Numa sequência de diálogo com a assistência, o director da instituição, David Santos, disse que esta não era "uma acção correcta" e afirmou que o artista tinha quebrado a confiança. 
 
No início da sessão, o director do MNAC-MC dissera à Lusa que não estava a ver o seu museu ocupado. "Tratando-se de uma exposição de Rui Mourão, seria de estranhar que não houvesse nada", afirmou David Santos, enquadrando o protesto "numa reflexão que é absolutamente admissível e dentro de uma lógica artística". 
 
Com a instalação multimédia "Os Nossos Sonhos Não Cabem Nas Vossas Urnas", o artista tem por objectivo demonstrar que as novas formas de protesto político, no espaço público, se cruzam de "forma significativa" com a arte. 
 
No início da sessão, Rui Mourão exigiu "mais dinheiro para a área cultural, artística e patrimonial".  "Politicamente, enquanto público e enquanto criadores de cultura, estamos verdadeiramente indignados - muito indignados mesmo - com a desvalorização a que estão votados os museus, as bibliotecas, os arquivos, o teatro, o cinema, a dança, a ópera, as artes visuais, o património cultural deste país e a sua criação contemporânea", afirmou Rui Mourão. 
 
A instalação multimédia de Rui Mourão, que vai ficar patente até 28 de Setembro, reúne dez "'performances artivistas' ocorridas em Lisboa entre 2009 e 2013, como uma única composição", e "metáfora da esfera pública", disse o artista à Lusa, quando da apresentação da mostra.