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Leiloeira impede exposição de quadros de Miró

08 abr, 2014

Mentor de uma petição em defesa da exposição das obras em Portugal fala numa “desconsideração” para com os portugueses.

Leiloeira impede exposição de quadros de Miró
A leiloeira Christie’s não autoriza a realização de uma exposição em Portugal com quadros do pintor surrealista catalão Joan Miró, que já foram do BPN e agora são propriedade da Parvalorem, uma empresa de capitais públicos.

A Christie’s quer que as 85 obras regressem a Londres até ao final deste mês, o que inviabiliza a exposição em Portugal, pedida por uma petição pública que reuniu mais de 10 mil signatários.

A informação foi comunicada esta terça-feira ao mentor da petição Carlos Cabral Nunes. O galerista e artista explica, em declarações à Renascença, que não foi dado nenhum motivo para esta urgência e fala numa “desconsideração” para com os portugueses.

O galerista recorda que foram disponibilizados todos os meios para a iniciativa, com base num trabalho pro bono, com uma estimativa de retorno superior a meio milhão de euros num mês de exposição, verba que serviria para amortizar a colecção ou reverteria para o sector cultural e artístico.

A venda da colecção em leilão das 85 obras de Joan Miró esteve inicialmente marcada para o início de Fevereiro, mas acabou por ser cancelada pela Christie’s, que não considerou a venda legalmente segura, depois do Tribunal Administrativo de Lisboa ter apontado ilegalidades na saída das peças de Portugal.

Os dados do processo na DGPC indicam que a autorização de saída tinha sido pedida já depois das obras terem deixado o país.

De acordo com a Lei do Património Cultural, "a exportação e a expedição temporárias ou definitivas de bens que integrem o património cultural, ainda que não inscritos no registo patrimonial de classificação ou inventariação, devem ser precedidas de comunicação à administração do património cultural competente com a antecedência de 30 dias".

A Parvalorem - sociedade anónima de capitais públicos, criada pelo Estado para recuperar os créditos do ex-Banco Português de Negócios (BPN) - foi notificada pela DGPC por ter feito sair a colecção Miró sem cumprir a lei, no ano passado, e o processo está ainda em análise na entidade.

No caso da DGPC avançar para um processo de contra-ordenação, a empresa que detém as obras de arte do ex-BPN incorre numa multa entre 100 mil e 500 mil euros.

A colecção, com um valor base de licitação de 36 milhões de euros, regressou ao país no final de Fevereiro e, segundo a Parvalorem, encontra-se nos cofres-fortes da Caixa Geral de Depósitos, na avenida 5 de Outubro, em Lisboa.