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Festival Correntes d'Escritas

Serralves leva “As palavras em liberdade” à Póvoa de Varzim

21 fev, 2014 • Maria João Costa

No Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa, até 4 de Maio, é possível ver o espólio de Ernesto Melo e Castro, um dos escritores que, a par de nomes como Ana Harthely ou Silvestre Pestana, deram corpo à poesia experimental.

Para os poetas experimentais, a poesia é para ser lida mas também para ser vista. Isso mesmo prova a exposição que a Fundação Serralves leva ao Festival Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim. “As palavras em liberdade” é o nome da mostra que revela a colecção do poeta Ernesto Melo e Castro.

Samuel Silva, do serviço educativo da Fundação, explica à Renascença que “hoje se pensarmos no experimentalismo da poesia, necessariamente temos que nos cruzar com a obra de Ernesto”.

“Esta colecção não é só sobre coisas publicadas e trabalhadas por ele. É também sintomática de uma relação que se estabeleceu, de uma série de afinidades que foram globais. Temos aqui presentes nestas exposição obras de artistas da América do Sul, espanhóis e, portanto, mostra de algum modo esta dimensão internacional que muitas vezes é esquecida, mas que no caso da poesia experimental portuguesa não foi um caso que teve reduzido dentro do nosso rectângulo”, conta Samuel Silva.

Livros, revistas, folhetos, posters e poemas-objecto que testemunham a preocupação dos poetas com a dimensão visual da escrita. “O Ernesto, juntamente com outros, como a Ana Harthely, Fernando Aguiar, António Aragão, como uma série de outras pessoas, tiveram essa coragem de arriscarem, pensar as palavras, pensar a forma de dar a ver as palavras mais do que dar a ler palavras”, acrescenta ainda Samuel Silva.

A poesia experimental praticada na década de 60 em Portugal é mostrada por Serralves na Póvoa de Varzim até 4 de Maio.

A Renascença está na Póvoa de Varzim onde entrevista no programa “Ensaio Geral” os escritores Miguel Sousa Tavares e Manuel Jorge Marmelo – o vencedor deste ano do prémio das Correntes d'Escritas. Entrevistas para ouvir na Renascença a partir das 23h30.