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Exposição permanente conta a história do Convento dos Capuchos

02 set, 2013 • Eunice Lourenço

Local tem perto de 500 anos, enfrentou a ruína e até já foi uma escola primária.  

Muitos conhecem o local por já lá terem ido a um casamento ou a um concerto do Festival de Música dos Capuchos, mas agora todos podem conhecer melhor a história de um património único do concelho de Almada.

O Convento dos Capuchos, localizado numa das arribas da Costa da Caparica, tem quase 500 anos de história, que podem ser revisitados numa exposição permanente, chamada: "O Convento dos Capuchos: vida, memória e identidade", da responsabilidade da Câmara de Almada.

“Albergava uma comunidade dos frades capuchos, um dos ramos da ordem franciscana que procurava uma vivência mais austera do próprio carisma franciscano, nomeadamente em termos de pobreza e no espaço dado na vivência quotidiana à contemplação e ao silêncio. Surge ligado à reforma que em 1539 é iniciada na Arrábida por frei Martinho de Santa Maria”, conta João Luís Fontes, comissário científico da exposição.

Inicialmente instalada noutra quinta, a comunidade de frades foi para as arribas da Caparica em busca de silêncio. O convento começou simples, mas foi sendo aumentado e teve obras devido ao terramoto de 1755. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, foi abandonado. Passou por vários proprietários particulares, o seu espólio perdeu-se e o edifício arruinou-se. Até que a Câmara de Almada o comprou em 1950 e iniciou a recuperação.

O espaço foi, assim, moldado pela austeridade franciscana, mas também pela história recente do concelho de Almada, como conta João Luís Fontes: “As utilizações que lhe foram dadas espelham muito o crescimento deste concelho de Almada. O facto de, de repente, e sobretudo a seguir ao 25 de Abril não haver equipamentos suficientes em termos de educação, por exemplo, fez com que nas salas do convento se instalasse uma escola primária durante quase 20 anos, fez com que mesmo a escola primária começasse a funcionar também para o Festival dos Capuchos, a partir da década de 80”.

Responsável pela requalificação do espaço, a Câmara de Almada quis também acentuar-lhe a identidade com esta exposição. “Fazer esta exposição, no fundo, é abrir para quem visita o convento um espaço de compreensão do próprio edifício”, conclui João Luís Fontes, responsável por esta exposição que resgata parte da memória de um concelho de Almada cheio de quintas, de conventos e mosteiros, muito diferente do que conhecemos hoje.