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O novo “look” de Camões

04 jul, 2013

Estátua do poeta que escreveu "Os Lusíadas" foi vestida pela jovem criadora Plácida Mendes.

O novo “look” de Camões

Se o poeta Luís de Camões vivesse hoje, teria um ar aperaltado, usaria uma capa com motivos náuticos, mas também teria à mão uma mala de cartão, para o caso de querer emigrar como muitos dos actuais jovens portugueses. 

Esta é pelo menos a visão de Plácida Mendes, a jovem que venceu um concurso para imaginar um traje para o autor de "Os Lusíadas" como se fosse uma figura dos nossos dias e que hoje vestiu a estátua do poeta do largo Camões, em Lisboa. 
 
"Acho que o estilo 'dandy' se adapta perfeitamente à personagem que ele é, porque ele é uma pessoa vistosa, ilustre em toda a sua grandiosidade. Acho que o estilo 'dandy', o ser elegante, o não deixar de ser clássico e o ser vistoso, encaixaria bem se ele estivesse vivo", disse Plácida Mendes, à agência Lusa.
 
O 'look' vencedor vestiu Camões durante o dia de hoje com um manto com padrões náuticos, de bússolas, lemes e bóias de salvamento. Debaixo do manto, um sóbrio casaco azul-escuro - com botões azuis, um bolso no peito e punhos brancos - contrasta com as calças vermelhas. Mas há um acessório do poeta que dá nas vistas, uma mala de cartão, de quem está disponível para viajar a qualquer momento. 
 
"Gosto de dar duas versões: uma delas é o facto de ele ser um viajante, sempre foi, queria conhecer os lugares e as pessoas. E a outra é que se ele estivesse nos dias de hoje, pela sociedade em que estamos, seria incentivado a ir para fora, como muitos de nós estamos a ser incentivados. Portanto, se ele estivesse vivo nos dias de hoje, iria pegar na sua malinha e iria viajar para fora, tentar a sua sorte", afirmou a jovem criadora. 
 
Em termos de escala, este foi o maior trabalho de Plácida Mendes, que até agora tinha apenas feito trabalhos universitários na Covilhã, onde estuda.
 
"Espero que contribua para dar visibilidade ao meu trabalho. Gostaria que me abrisse portas para estagiar ou trabalhar nesta área para uma pequena empresa ou de 'designers'", afirmou, realçando que, depois de vestir uma estátua de quatro metros de altura, consegue "fazer praticamente qualquer coisa". 
 
A iniciativa de vestir Camões foi do Canal História, com o apoio da Egeac - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa, para "mostrar que a História não está nas bibliotecas, não é aborrecida, é algo vivo e nós fazemos parte dela", destacou Esther Vivas, directora de marketing do canal por cabo. 
 
O júri foram os Storytailors - os designers de moda Luís Sanchez e João Branco. "Há características de Luís de Camões que fazem todo o sentido nos dias de hoje", considerou Luís Sanchez, destacando que um dos critérios importantes para a escolha da vencedora, entre cinco finalistas, foi a demonstração de que conseguia levar para a frente este projecto. 
 
O Monumento a Camões, em Lisboa, é da autoria de Victor Bastos e foi inaugurado em 1867. A estátua de bronze mede quatro metros de altura e assenta num pedestal de 7,5 metros, que é rodeado por oito outras estátuas que representam o matemático Pedro Nunes, o cronista Gomes Eanes de Azurara, os historiadores Fernão Lopes, João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda e os poetas Vasco Mouzinho de Quevedo, Jerónimo Corte-Real e Francisco de Sá de Meneses.