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Cardeais que não votam, mas podem decidir

04 mar, 2013 • Filipe d’Avillez

Os cardeais Julian Herranz, Jozef Tomko e Salvatore De Giorgi têm todos mais de 80 anos mas são os únicos que conhecem o conteúdo do relatório sobre o Vatileaks.  

Cardeais que não votam, mas podem decidir
Começam hoje as congregações gerais, que reúnem todos os cardeais que já estejam em Roma, sejam eleitores ou não.

A função das congregações é tratar do Governo da Igreja na ausência de um Papa e lançar as bases para o Conclave, cuja data deve ser indicada nas próximas 48 horas.

Contudo, há um lado informal que é tão ou mais importante para determinar o próximo Papa. Uma vez que uma grande parte dos cardeais eleitores vem de fora de Roma, as congregações são a primeira e melhor oportunidade que têm para trocarem impressões e, nalguns casos, conhecerem-se sequer.

Por isso não é de descartar a importância dos cardeais que já tenham mais de 80 anos, e que por isso não possam votar no conclave, uma vez que durante as congregações nada os impede de partilhar opiniões e indicar as suas preferências.

Neste contexto há três cardeais que nestas congregações gerais ganham uma influência muito grande. Os cardeais Julian Herranz, Jozef Tomko e Salvatore De Giorgi foram os responsáveis pelo relatório sobre a crise que ficou conhecida como Vatileaks. Esse relatório foi entregue a Bento XVI em Dezembro e, dias antes de resignar, o agora Papa emérito decidiu que o seu conteúdo deveria permanecer secreto, para ser visto apenas pelo próximo Pontífice.

Contudo, numa conferência de imprensa na mesma altura o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, o padre Federico Lombardi, deu a entender que os cardeais em questão estavam livres de falar sobre o assunto com quem quisessem.

Evidentemente a sua influência depende do conteúdo do relatório. Segundo alguma imprensa italiana ele contém informação chocante não só sobre as finanças da Santa Sé mas também sobre alegadas redes de homossexuais a trabalhar na Cúria. Nenhum nome foi divulgado, nem as alegações podem ser comprovadas sem ter acesso ao dossier, mas se a gravidade for mesmo essa então os cardeais Herranz, Tomko e De Giorgio poderão estar na posse de informação crucial, se não para indicar quem deve ser o próximo Papa, talvez para indicar quem não deve ser eleito, ou mesmo para mostrar a importância de se eleger alguém com perfil para limpar os problemas que afectam a Curia romana.