Igreja Ortodoxa da Etiópia elege novo Patriarca
01 mar, 2013 • Filipe d’Avillez
Abune Matias era até agora responsável pela Igreja etíope em Jerusalém, regressa a casa depois de 30 anos para assumir a responsabilidade de uma das igrejas mais antigas do mundo.
A Igreja Ortodoxa da Etiópia acaba de eleger o seu sexto patriarca, desde que se tornou autónoma da Igreja Copta, do Egipto, em 1959.
O escolhido é Abune Matias, de 71 anos, que até agora era responsável pela Igreja etíope em Jerusalém e que regressa a casa depois de 30 anos fora do país. A Igreja da Etiópia é uma das que partilha a responsabilidade da Igreja do Santo Sepulcro e tem na Terra Santa algumas comunidades religiosas, para além de acolher muitos peregrinos.
O Patriarca Matias torna-se assim o novo líder de uma Igreja que, apesar de ter pouco mais de meio século de autonomia, tem raízes com cerca de 1700 anos, remontando aos primórdios do Cristianismo. A Etiópia é mesmo o país cristão ininterruptamente independente mais antigo do mundo. A Arménia foi o primeiro país a declarar o Cristianismo religião de Estado, mas nem esteve várias vezes sob o jugo de ocupadores estrangeiros.
A Igreja etíope tem cerca de 40 milhões de fiéis e faz parte da comunhão de igrejas ortodoxas que se separaram da Igreja Universal por altura do Concílio de Calcedónia, no século V. Essa comunhão inclui as igrejas Copta, Arménia, Siríaca e a Igreja Malankara Ortodoxa da Índia.
Durante muito tempo a Etiópia era conhecida como o mítico Reino de Preste João. Portugal desenvolveu laços fortes com o país africano cristão na altura dos descobrimentos e o auxílio português foi crucial para manter a independência do reino numa altura em que estava cercado por forças muçulmanas hostis. Cristóvão da Gama, filho de Vasco da Gama, perdeu a vida na Etiópia precisamente numa batalha para defender o país de invasores.
O abune, o título atribuído a bispos da Igreja etíope, sucede ao Patriarca Paulos, que morreu em Agosto de 2012.