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Soares espera que Bento XVI "provoque um choque positivo" na sociedade

25 fev, 2013

Antigo Presidente da República destaca o esforço de Bento XVI a favor do diálogo entre as várias religiões e as medidas tomadas em relação aos casos de pedofilia no seio da Igreja. Soares recorda também as declarações do Papa contra o capitalismo selvagem.

Soares espera que Bento XVI "provoque um choque positivo" na sociedade
Mário Soares diz que ficou "impressionado" com a decisão do Papa Bento XVI de renunciar ao cargo. Em entrevista à RR, o antigo presidente da República destaca o esforço a favor do diálogo entre as várias religiões e as medidas que Bento XVI tomou em relação aos casos de pedofilia no seio da Igreja, mas lembra em particular as declarações do Papa contra o capitalismo selvagem, que conduziu à crise em que nos encontramos.
Mário Soares acredita que ninguém fica indiferente à decisão do Papa Bento XVI de renunciar ao cargo. Em entrevista à Renascença, o antigo Presidente da República admite que esta tomada de posição pode ser um choque, mas espera que tenha efeitos positivos.

“Toda a gente será tocada por isso. Ninguém deixa de falar neste problema que é a mudança de um Papa e ao fim de 700 anos”, sublinha Mário Soares.

O antigo chefe de Estado sublinha que a resignação do Papa “é um fenómeno de tal maneira importante, que espero que provoque um choque positivo no domínio do progresso e do auxílio à pobreza e de posições sociais úteis para que não seja só este universo em que estamos a cair, onde só conta o dinheiro”.

Sobre o legado que Bento XVI deixa, Mário Soares destaca o esforço a favor do diálogo entre as várias religiões e as medidas que o Papa tomou em relação aos casos de pedofilia no seio da Igreja.

O histórico socialista recorda, em particular, as declarações do Papa contra o capitalismo selvagem, que conduziu à crise em que nos encontramos: “Não se esqueça que ele falou contra o capitalismo selvagem e que ele achou que a crise era muito grave.”

Bento XVI “tem ideias e uma concepção que é uma concepção progressista e não reaccionária como diziam. Toda a gente dizia que ele era um Papa reaccionário. Não é”, considera Soares.

“Quando ele falou outra vez no capitalismo selvagem, na necessidade do desenvolvimento da democracia e na necessidade dos pobres deixarem de ser pobres, ele está a falar como um homem que é verdadeiramente cristão e é verdadeiramente católico”, acrescenta.

Um excerto da entrevista de Mário Soares à Renascença que pode ouvir na íntegra depois do jornal das 13h00. O antigo Presidente da República e antigo presidente da comissão para o diálogo inter-religioso é o primeiro de uma série de convidados que, ao longo desta semana, falam sobre a resignação do Papa, sempre às 13h00.

Ao longo desta semana, diariamente, às 19h00, também teremos debates sobre o pontificado de Bento XVI.