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"Este Papa tem feito um apelo constante à mudança"

10 jan, 2013 • Ângela Roque

O bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, considera que Bento XVI não receia "falar para dentro da Igreja".

"Este Papa tem feito um apelo constante à mudança"

O discurso de Bento XVI aos embaixadores acreditados junto da Santa Sé e os recados que deixou aos bispos, na homília do Dia de Reis, foram os temas centrais do debate desta quarta-feira na Renascença.

O Papa desafiou os bispos a permanecerem "firmes na verdade", a terem  coragem para enfrentar as "orientações e critérios dominantes" e a seguirem o exemplo dos reis Magos, que eram "homens inquietos" que não se contentavam com "rendimentos assegurados e com uma posição social", mas andavam "à procura de uma realidade maior".

Para D. Nuno Brás, as palavras do Papa foram "palavras duras, mas muito claras", que "devem levar os bispos a fazer um exame de consciência", e provam que Bento XVI não receia "falar para dentro da Igreja", e tem feito um "apelo constante à mudança".

No debate, o bispo auxiliar de Lisboa e a jornalista Aura Miguel analisaram também o discurso do Papa aos embaixadores acreditados junto da Santa Sé. Um discurso acutilante e abrangente nos temas, no qual Bento XVI denunciou as vários formas de ataque à vida humana e à paz, defendeu a liberdade religiosa e reafirmou as críticas ao modelo económico, considerando que Europa precisa de líderes "clarividentes e qualificados" para conseguir superar a actual crise.

Para os dois comentadores, a qualidade do discurso prova a importância  que o Vaticano atribui às relações com os vários Estados. D. Nuno Brás lembrou que se contam "pelos dedos das mãos" os países que não têm representação diplomática junto do Vaticano. A vaticanista Aura Miguel sublinhou que não é por acaso que a diplomacia da Santa Sé "é considerada das melhores do mundo".