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Bispos recordam princípio de presunção de inocência, mesmo em casos de abusos

08 jan, 2013

Padre Manuel Morujão também comentou a possível substituição, já em Fevereiro, do Patriarca de Lisboa e o caso de prostituição que está a abalar Viseu.

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reafirmou, hoje, o interesse da Igreja no esclarecimento cabal dos alegados casos de pedofilia.

Em declarações aos jornalistas, em Fátima, no final da reunião do Consdelho Permanente da CEP, o padre Manuel Morujão pediu serenidade à própria comunicação social, para que se evitem condenações na praça pública: “Tudo isto deve ser encarado com grande serenidade, procurando a verdade, não antecipando condenações. Às vezes, o princípio da presunção da inocência é posto às avessas e passa-se ao princípio da presunção da culpabilidade, o que é uma injustiça que devemos procurar evitar.”

“O assunto é demasiado sério para transformar isto num ‘show’. A Igreja agradece todos aqueles que a ajudam a purificar-se, em primeiro lugar”, sublinhou. 

A possível substituição de D. José Policarpo
O padre Manuel Morujão foi também questionado sobre a substituição do Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que vai completar, em Fevereiro, 77 anos. Há dois anos, quando fez 75, o Patriarca apresentou a sua resignação, conforme previsto no Código de Direito Canónico, mas Bento XVI, como é costume no caso de arcebispos, adiou a reforma por mais dois anos.

“O Santo Padre deu-lhe mais dois anos, não quer dizer que seja uma data fixa, que não possa ter mais um dia, mais um mês ou mais um ano”, explicou o porta-voz, adiantando que tudo depende do diálogo com a Santa Sé, sendo tidas em conta questões como a saúde e a facilidade de substituição.

No caso de D. José Policarpo, há ainda o facto de ter sido eleito para a presidência da Conferência Episcopal para um mandato, que só termina no ano que vem. “Foi eleito para presidente da CEP por três anos. Em princípio, esses três anos terminam em Abril de 2014. Não sei se com os ‘parabéns a você’ virá alguma coisa nessa linha. Penso que não”, afirmou Morujão.

O caso de Viseu
O porta-voz da CEP também comentou o caso que tem agitado Viseu, onde a prostituição está a tomar conta de um dos bairros da cidade: “Certamente que isso diz respeito às autoridades públicas e esperamos que tratem bem da situação, O que está em causa é a unidade e estabilidade das famílias, para além do mau exemplo sobretudo para os menores.”

“Não é por uma questão de moralidade enquanto tal, mas pelo testemunho de influência social que isso tem. Tudo o que as autoridades públicas puderem fazer para dar estabilidade às famílias, a Igreja e a sociedade agradecem. Não se trata de uma moralidade espartana, mas de respeito pelas famílias e pelos menores”, considera o padre Manuel Morujão.

Na reunião de hoje foram aprovados os estatutos da Obra Nacional da Pastoral do Turismo. Os bispos também falaram das próximas Jornadas do Episcopado que vão decorrer em Junho para discutir “A organização da sociedade à luz da doutrina social da Igreja”.