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Arcebispo de Braga critica um Natal apenas de "hábitos e rotinas comerciais"

17 dez, 2012 • Ecclesia

Na sua tradicional mensagem de Natal D. Jorge Ortiga sublinha também importância de preservar laços familiares.

O arcebispo de Braga publicou hoje a sua mensagem de Natal, na qual alerta os católicos para a necessidade de preservar o espírito “genuíno” desta quadra e promover a vida familiar, sem ceder ao consumismo.

“Os ataques da actual sociedade de consumo podem reduzir o Natal a hábitos e rotinas comerciais, que disfarcem o genuíno sentido da sua origem: celebrar o Natal é festejar em família o nascimento do Salvador”, escreve D. Jorge Ortiga..

Segundo este responsável, é necessário olhar para o presépio com “o código da fé” para compreender “o milagre do Natal”, ou seja, “a união da família”, sem a qual o indivíduo “fica privado de um projecto de realização humana”.

Neste contexto, o arcebispo propõe que as famílias “percam a vergonha e façam um breve momento de oração, antes da refeição da Ceia de Natal, louvando os dons de Deus e recordando os irmãos que perderam a segurança familiar”.

“Se a chaminé (natal comercial) traz a satisfação do ‘eu’, a janela aberta (natal católico) favorece a comunhão do ‘nós’. Trabalhemos a nossa realidade familiar e abramos as portas da nossa família ao mundo”, observa o prelado.

D. Jorge Ortiga recorda que no tempo de Jesus a família era “lugar de nascimento, escola de vida e garantia de trabalho”, que oferecia a cada pessoa “protecção” e “segurança”.

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana cita, no seu documento, uma passagem da mensagem que Bento XVI - “os homens sem Deus constroem edifícios de cimento armado sem janelas” - enviou à sessão do ‘Átrio dos Gentios’ (projecto do Vaticano para o diálogo entre crentes e não crentes) que decorreu em Braga e Guimarães.

“A imagem da janela aberta traduz em si uma nova gramática do humano. Ela possibilita a entrada do transcendente no nosso interior e, simultaneamente, obriga-nos a olhar para o exterior, exigindo-nos a co-responsabilidade familiar”, indica o arcebispo de Braga.

A mensagem deixa votos de um “Santo Natal a todos os crentes e não-crentes”, frisando que “se Jesus não tivesse nascido”, todos estariam “fechados na obscuridade dos edifícios de cimento armado”.

“Um bom Natal a todos e, particularmente, àqueles que não experimentam o calor familiar”, conclui D. Jorge Ortiga.