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D. Nuno Brás estranha que a PGR só agora tenha aberto inquérito

13 dez, 2012

O Bispo lembra que a Igreja é a primeira interessada em que tudo se esclareça, com clareza e justiça quer em relação ao caso do seminário menor da Guarda, quer em relação às declarações de Catalina Pestana, que garante desconhecer.

O bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, acha estranho que a Procuradoria Geral da República (PGR) só agora tenha aberto um inquérito, mas garante que não conhece quaisquer casos suspeitos na diocese e não sabe a que casos se refere Catalina Pestana.

“Não faço a menor ideia. Já há um ano fui interrogado por uma jornalista acerca destas declarações – porque ela [Catalina Pestana] já as fez há um ano – e eu disse que não comentava as declarações da Dra Catalina Pestana, até pelo respeito que tenho por ela. Estranho que só agora seja aberto o inquérito”, disse.

No debate desta quarta-feira na Renascença, D. Nuno Brás sublinhou ainda que a Igreja é a primeira interessada em que tudo se esclareça, com clareza e justiça, e elogiou a actuação do Bispo da Guarda no caso do seminário menor da Guarda.

A PGR fez o que devia ao mandar abrir um inquérito por causa das declarações de Catalina Pestana sobre alegados abusos na diocese de Lisboa. “É normal, havendo notícia de suspeitas, a pessoa que lança essas suspeitas deve depois concretizá-las e é bom que o faça porque se isso não acontecer fica a suspeita lançado sobre todos os sacerdotes do Patriarcado de Lisboa. Não se pode aceitar isso”, disse o juiz Pedro Vaz Patto, que também participa neste debate.

Contactada pela Renascença, a Procuradoria-geral da República não faz comentários sobre as razões pelas quais só agora abriu um inquérito às denúncias de alegados abusos na diocese de Lisboa.

O juiz Pedro Vaz Patto explicou quem por lei tem e não tem obrigação de denunciar casos às autoridades. “O cidadão em geral não tem obrigação de denunciar crimes. Nas directrizes da Conferência Episcopal também isso está claro: a Igreja não está obrigada a denunciar, o que se diz é que deve aconselhar os pais das vítimas a fazerem eles essa denúncia porque a missão da Igreja não se deve confundir com a polícia. Em relação ao cidadão em geral também não há esta obrigação, há em relação a funcionários públicos se têm conhecimento destas situações no exercício das suas funções”, acrescenta Vaz Patto.

Já a jornalista Aura Miguel lembrou que as regras já adoptadas pela Igreja portuguesa seguem as indicações dadas pelo próprio Papa e que vão no sentido da "tolerância zero" para com quaisquer casos de pedofilia na Igreja.

“As indicações são muito claras: colaborar com a Justiça, haver penas mais céleres a aplicar no seio da própria Igreja, nomeadamente o afastamento do sacerdócio, e uma maior exigência na selecção nos seminários. Estas indicações estão a ser cumpridas”, refere.

O debate sobre questões religiosas realiza-se na Renascença todas as quartas-feiras na “Edição da Noite”.

[notícia actualizada às 13h14]