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D. Jorge Ortiga considera que os portugueses devem "inquietar os políticos"

23 nov, 2012 • Sérgio Costa e Pedro Rios

"Necessitamos de maior participação", não na forma de "convulsões", mas de uma maneira "serena", considera o Arcebispo de Braga.

D. Jorge Ortiga considera que os portugueses devem "inquietar os políticos"
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana considera que é preciso "inquietar os políticos, obrigando-os a reflectir sobre o papel que devem ter como legítimos representantes do povo". Em entrevista à Renascença, D. Jorge Ortiga refere que é necessário passar das "conversas em surdina" para uma "intervenção mais activa" dos cidadãos. O Arcepisbo de Braga é um dos participantes da Semana Social, evento da Conferência Episcopal que decorre na Casa de Vilar, no Porto.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana considera que é preciso "inquietar os políticos, obrigando-os a reflectir sobre o papel que devem ter como legítimos representantes do povo". Em entrevista à Renascença, D. Jorge Ortiga refere que é necessário passar das "conversas em surdina" para uma "intervenção mais activa" dos cidadãos.
 
"Necessitamos de maior participação", não na forma de "convulsões", mas de uma maneira "serena". "Não se limitem a esperar soluções", sublinha o também Arcepisbo de Braga, que é um dos participantes da Semana Social, evento da Conferência Episcopal que decorre na Casa Diocesana de Vilar, no Porto.

A Semana Social tem como tema "Estado Social e Sociedade Solidária" e, para o Arcebispo de Braga, não há um sem o outro. "Solidariedade na sociedade, isso é que é fundamental." O apelo segue também para os políticos, numa altura em que "se está a privilegiar demasiadamente a economia".

Para o Arcebispo, o prazo de três meses dado pelo Governo para repensar a despesa do Estado (objectivo: cortar quatro mil milhões de euros) é "demasiado curto". Mas o importante, ressalva, "é o envolvimento da sociedade e de todos os partidos", que devem "reconhecer o que é nuclear" e fundamental manter, trabalhando, dessa forma, para o "bem do povo português".

D. Jorge Ortiga alerta para o risco de se adiar o problema se o Governo se limitar a cortar para poupar dinheiro. A mudança que se exige é mais profunda: "O que faz falta hoje é uma alma para esta sociedade. Quer queiramos quer não, ela passa pela caridade".

Nesta "época de mudança", deve ser seguido o princípio da subsidiariedade inscrito na Doutrina Social da Igreja, sustenta o Arcebispo. "Cada um deve fazer o que lhe compete" e à Igreja compete muito, nomeadamente na "dimensão do voluntariado".

Para conhecer melhor as valências e necessidades da rede de instituições da Igreja, está a ser montado o Observatório Social. O objectivo, diz D. Jorge Ortiga, é "conhecer as respostas de que ela [a Igreja] é detentora, que são imensas, com os números exactos".

Sobre a Semana Social, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social espera que seja uma "pedra no charco para acordar um bocadinho" os portugueses.