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Cumprido o sonho do Papa. Trilogia sobre Jesus de Nazaré já está completa

21 nov, 2012 • Aura Miguel

Cardeal Ravasi, que apresentou o livro, diz que é uma obra sobre um menino para adultos na fé.

Cumprido o sonho do Papa. Trilogia sobre Jesus de Nazaré já está completa
"A Infância de Jesus", assim se chama o novo livro do Papa Bento XVI, que está disponível a partir desta quarta-feira. Trata-se do terceiro volume de uma série dedicada a Jesus de Nazaré. A jornalista Aura Miguel lê algumas passagens do livro e explica o contexto em que surge esta obra.
"A infância de Jesus", de Joseph Ratzinger, já está à venda em 50 países. A obra é publicada em nove línguas, com mais de um milhão de exemplares.

A versão portuguesa, com edição da Principia, inclui uma opção áudio-livro (feita em colaboração com a Renascença) e também uma edição em formato "e-book".

Com apenas 106 páginas e quatro capítulos, o autor considera-o um "pequeno pórtico" dos dois volumes anteriores, uma espécie de sala de entrada que ajuda a conhecer a figura e a mensagem de Jesus de Nazaré.

O leitor da "Infância de Jesus" é, desde o início, convidado a ir mais fundo do que a mera análise histórica, ou seja, a confrontar-se pessoalmente com a utilidade dos textos bíblicos para a sua própria vida: Será verdade? Tem que ver comigo? Se sim, de que modo?

O teólogo Ratzinger esclarece que "a grandeza é maior do que tudo aquilo que se possa escrever", cruzando vários textos e perspectivas relativos à origem de Jesus, anunciação, nascimento, estrela e reis magos, fuga para o Egipto e à presença de Jesus já adolescente, com 12 anos, no Templo de Jerusalém.

Um dos fios condutores é a alegria e esperança, que repassam nos vários relatos bíblicos, bem como as figuras de Maria e de José, considerados modelos exemplares de humildade e obediência: Maria, mulher corajosa, de grande interioridade, que conjuga o coração e a mente para entender a mensagem de Deus, e José, homem justo, atento, sensível a Deus e sempre vigilante.

"Jesus vem inverter os valores da mentalidade dominante", escreve Bento XVI a propósito do seu nascimento numa manjedoura. Mas o mesmo se passa também hoje, porque "tornar-se cristão implica sair do âmbito do que pensa e quer a maioria para entrar na luz da verdade sobre o nosso ser e o nosso caminho".

A propósito da curiosidade dos pastores que foram apressadamente, movidos pela curiosidade humana, ver o Menino, Ratzinger interroga-se "quantos cristãos se apressam hoje quando se trata das coisas de Deus?", concluindo que "se há algo que mereça ter pressa são precisamente as coisas de Deus".

Também os magos do Oriente nos dão o exemplo de sabedoria, porque "não eram apenas astrónomos, eram sábios", e porque "buscavam a verdade, movidos por uma inquietação interior". "Eram homens de esperança à procura da salvação."

A questão da humildade é outro dos fios condutores da obra, tal como afirmou o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, na conferência de apresentação do livro.
 
"No centro está um Menino. Mas devo já esclarecer (e este livro demonstra-o) que, pelo facto de falar de um menino, não tem que ver com a habitual retórica sentimental, nem se pode enquadrar este livro em papel de embrulho do Natal com estrelinhas. Nada disso, este livro, estas páginas sobre os evangelhos da Infância, são páginas para adultos na fé, estão cheias de questões teológicas. Só que, no centro, está um menino: o sinal da nova aliança é a humildade."

Com este livro, Ratzinger cumpre o seu sonho de escrever sobre Jesus Cristo – uma obra em três volumes que começou em 2003, ainda antes de ser Papa, e que levou nove anos a concretizar.