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"Não obedeceremos ao que consideramos imoral"

16 nov, 2012

Bispos norte-americanos não desarmam. Arcebispo de Nova Iorque mostra-se preparado para continuar a luta pela liberdade religiosa nos Estados Unidos.

"Não obedeceremos ao que consideramos imoral"
Os bispos americanos, reunidos em assembleia plenária da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB) reafirmaram a sua vontade de continuar a lutar contra as ameaças à liberdade religiosa no país, nomeadamente contra o decreto da administração de Obama que obriga organizações católicas, como escolas e hospitais, a fornecer aos seus funcionários seguros de saúde que incluam serviços contraceptivos e abortivos.

“A única certeza que temos é que de que não vamos ceder. Não vamos violar as nossas consciências e não vamos obedecer a algo que consideramos imoral”, afirmou o Cardeal Timothy Dolan, presidente das USCCB, em conferência de imprensa.

A medida de Obama está ligada ao “ObamaCare”, o plano de reforma do sistema de saúde que tem sido a grande aposta do Presidente americano. A Igreja Católica apoiou o “ObamaCare” em princípio, mas recusam ter de pagar serviços abortivos ou contraceptivos nas suas instituições. Há várias empresas privadas, pertença de católicos, que também estão a processar o Governo por causa da medida.

Uma derrota de Obama nas eleições teria resolvido a questão, e muitos bispos foram acusados de terem apelado implicitamente ao voto em Romney, mas mesmo uma maioria de católicos acabou por votar no candidato democrata.

“Fizemos uma pausa enquanto esperávamos pelas eleições, porque os resultados podiam ter mudado o paradigma. Mas não mudou. Por isso agora os bispos respiraram fundo e decidiram que é preciso voltar ao trabalho e ver o que vamos fazer”, explicou Dolan.

“Diria que nenhuma porta está fechada, excepto a porta da rendição”, disse ainda o Cardeal.

Desta reunião magna dos bispos americanos saiu ainda um apelo à prática da confissão e a decisão de apoiar a causa de canonização de Dorothy Day, uma mulher que se converteu ao Catolicismo depois de uma vida atribulada, que incluiu um aborto, e que se tornou activista pela justiça social trabalhando intensamente pelos pobres e pelos sem-abrigo.