Emissão Renascença | Ouvir Online

Onde estão as políticas de incentivo à família?

08 nov, 2012

O bispo auxiliar de Lisboa reconhece que a quebra da natalidade já devia ter levado os políticos a adoptarem medidas claras de incentivo à natalidade e à família.

Onde estão as políticas de incentivo à família?

Numa altura em que se fala de "refundação" do Estado Social, onde é que estão as políticas de incentivo à família? O assunto esteve em debate na Renascença a propósito da queda a pique do número de nascimentos em Portugal.

O bispo auxiliar de Lisboa reconhece que a quebra da natalidade já devia ter levado os políticos a adoptarem medidas claras de incentivo à natalidade e à família e admitiu que seria de esperar mais de um Governo que até tem ministros que se dizem católicos:
 
“Eu não me esqueço do exemplo de um amigo meu que me disse ‘o rapaz está-se a afogar e tu perguntas se sabe falar inglês?’. Podemos dizer que a emergência é económica e há que tratar esta emergência. Mas é preciso ver que a emergência é fruto de um mal que não é meramente económico", disse D. Nuno Brás.
 
O juiz Pedro Vaz Patto lembrou que ainda antes de ser ministro, Álvaro Santos Pereira defendeu que a área da natalidade devia ser a única em que o Estado não devia cortar. Foi no livro "Portugal na Hora da Verdade", publicado o ano passado:

"Todas as questões vão na linha da redução das despesas públicas, excepto num caso que é precisamente o do apoio à natalidade. Verifica a situação dramática da natalidade, da demografia e o que isso representa para o futuro, e entende que mesmo num contexto de dificuldades financeiras da parte do Estado é um investimento que é frutífero a longo prazo. Portanto, nesse livro o actual ministro da economia entende que neste caso, mesmo que se aumentem as despesas públicas, esse é um investimento aconselhado", refere.

Já para a jornalista Aura Miguel a quebra da natalidade não é de agora, por isso não se explica apenas com a crise económica. O que está em causa é a concepção de vida do homem moderno.

"O assunto não é novo. Mais, até quem tem muitos bens e bom nível de vida sabemos que mais depressa tem cães do que filhos. Muitos países sofrem com este problema de falta de nascimentos. Isso está a acontecer no Japão, na Alemanha. É bom as pessoas pensarem pela sua cabeça, quer dizer, o que é que falta? Do que é que depende a decisão de ter filhos? É de melhores condições económicas? Mas, quer dizer, muita gente tem filhos e é uma questão de generosidade. Claro que ter um filho implica mais gastos. É preciso maior flexibilidade no horário de trabalho? Claro que isso ajuda. É preciso ter casas maiores? Absolutamente. Mas, muitos têm isto tudo e não têm filhos, Por isso na raiz disto tudo está uma concepção de vida.

No debate que às quarta-feira lança um olhar cristão sobre a actualidade falou-se também das eleições nos Estados Unidos e do braço de ferro entre os bispos norte-americanos e o Presidente agora reeleito, por causa do decreto que obriga as escolas, universidades e instituições católicas a terem seguros de saúde para os seus funcionários que cubram despesas com contracepção e aborto.

Também se falou dos esforços diplomáticos da Vaticano que já enviou para o Líbano o Cardeal Robert Sarah para coordenar a ajuda da igreja católica na Síria.

O bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, considera muito importante o esforço do Vaticano para ajudar a resolver o conflito na Síria.