"Enquanto cristãos, temos uma responsabilidade diferente"

“Teremos um olhar sobre a música, um olhar sobre a cultura, um olhar sobre a política, mas não um olhar avariado”. Foi assim que monsenhor Lopes da Cruz, o fundador da Renascença, descreveu a missão desta rádio católica há 75 anos e é na fidelidade a esta ideia que o actual presidente do Conselho de Gerência tenta navegar.

“Este é o grande desafio, a diferença no olhar, porque os acontecimentos são o que são, mas a maneira como as lemos, a saída que encontramos nos dramas do nosso tempo, enquanto cristãos temos uma responsabilidade completamente diferente de quaisquer outros”, considera o cónego João Aguiar.

O exemplo com que ilustra este argumento não podia ser mais actual. “Vivemos num país em crise, feita de indignações. Temos de chamar atenção para a dimensão ética desta crise e para a resolução ética desta crise”, considera.

“Isto não é resolúvel simplesmente com dinheiro, se a crise é ética as soluções também precisam de ser éticas. Se vem do pecado do orgulho, deste pecado do domínio, deste capitalismo desenfreado, a solução também tem de vir da conversão dos nossos corações.”

Foi a crise que obrigou a uma certa moderação nos festejos desta data tão importante. Não obstante, ao longo de um ano, houve muitas oportunidades para celebrar em família, com os ouvintes e leitores e com o resto da sociedade.

Para o cónego João tratou-se de uma “programação diversificada mas tendente a um objectivo comum de, com alegria, arte e cultura, olharmos para ontem, vermos como vivemos hoje e, sobretudo, onde queremos estar amanhã.”

“Começámos por revisitar a história, fomos Braga, a diocese do nosso fundador, Monsenhor Lopes da Cruz, cujo túmulo visitámos com a presença do Sr. Núncio Apostólico”, explica.

“Tivemos momentos culturalmente importantes, como a sessão solene na Universidade Católica, com um discurso do reitor Manuel Braga da Cruz sobre o papel dos leigos no nosso tempo e o convite do Sr. D. José Policarpo no sentido de percebermos a comunicação como comunhão”.

Dois concertos marcaram também as celebrações, uma no Estádio do Bessa, outra no Campo Pequeno. Foi ainda lançado um livro com textos de diversas personalidades ligadas, de uma maneira ou de outra, a este percurso.

A ecologia não foi esquecida, com o início de um projecto que levará à plantação de 75 mil árvores até 2016, na zona da Pampilhosa da Serra e, num dos momentos altos do ano, a Renascença recebeu uma condecoração das mãos do Presidente da República.

Os festejos terminam finalmente este fim-de-semana com a renovação da consagração da Renascença a Nossa Senhora, em Fátima. Porque como explica o cónego João Aguiar: "As mães são sempre a linha recta para o coração dos filhos."