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Jornadas da Comunicação Social

“Igreja tem de abandonar o comodismo do estatuto de observador”

27 set, 2012 • Paula Costa Dias

Graça Franco, directora de Informação da Renascença, considera ainda que os jornalistas de opinião deviam reivindicar o direito ao silêncio para reflexão.  

A Igreja tem de ser mais interventiva e dar testemunho. O desafio foi lançado esta quinta-feira  em Fátima pela directora de Informação da Renascença.

Salientando que as notícias de âmbito religioso raramente aparecem na comunicação social, Graça Franco disse que a Igreja tem de se dar a conhecer a uma sociedade que já não se identifica com os seus valores e que a mudança é possível. “Ela só vai ser possível quando acontecer o testemunho. Quando os cristãos voltarem a merecer que se diga deles que sendo gente absolutamente igual, é gente diametralmente diferente. A Igreja não pode continuar à espera de ser confrontada com o seu silêncio para finalmente dizer alguma coisa e para comunicar eficazmente tem de abandonar o comodismo do estatuto de observador.”

Esta participação no debate público não implica ultrapassar as fronteiras do razoável. “Não tem de defender soluções políticas ou económicas, mas tem de fornecer activamente o enquadramento. Tem de dizer o que é que é justo e o que é injusto”.

Para Graça Franco a Igreja tem de estar onde estão as pessoas. Aos jornalistas, deixa o recado: “Perante a avalanche das redes sociais, perante o imediatismo que se exige de todos nós, fazer o relato em directo, comentar, dizer, acho que os jornalistas, sobretudo os que são mais chamados a fazer opinião, deveriam reivindicar o direito ao silêncio. O direito a dizer ‘não acho nada porque ainda não pensei sobre o assunto’, e isto está a ser cada vez mais difícil, o que empobrece muito o debate”.

As jornadas Nacionais das Comunicações Sociais decorrem até amanhã, em Fátima, com o tema " Silêncios e silenciamentos na comunicação social".