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Padre Lino Maia

"700 euros não dá para viver, nem para morrer alegremente"

21 set, 2012

O presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social foi um dos convidados da Renascença que promoveu um debate sobre o estado do país, do ponto de vista de quem está no terreno a prestar apoio social.

"700 euros não dá para viver, nem para morrer alegremente"
Sobre a situação actual de crise, o Padre Lino Maia defendeu que as pessoas com rendimentos inferiores a mil euros deveriam ficar isentas do agravamento da contribuição para a segurança social.

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade rejeita qualquer corte de salários acima dos 700 euros, como a imprensa avançou.

"De facto, 700 euros não dão para viver e diria que nem para morrer alegremente. Dá para ir atrasando por alguns dias a morte. Julgo que aquilo que nós podemos considerar, para uma família média, a fronteira entre o viver e sobreviver estará nos mil euros. Compreenderia que a partir daí houvesse alguma ponderação e alguma medida", defende.

Na sua intervenção, lembra ainda uma situação pontual comparável àquilo que o país enfrenta agora: “Em Setúbal, nos anos 80, houve uma situação complicadíssima, mas o que aqui aconteceu está replicado em todo o território nacional, com particular incidência nas zonas deprimidas, nas áreas metropolitanas – Porto e Lisboa. A situação é extremamente complicada”, alerta.

Na Renascença esteve em debate o estado do país, do ponto de vista de quem está no terreno a prestar apoio social. Foram convidados o presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social, padre Lino Maia, e a directora da assistência aocial da AMI. Ana Martins fala num “fenómeno relativamente novo, numa Europa depois da II Guerra Mundial, que é o dos pobres trabalhadores”.

O ministro das Finanças é ouvido esta sexta-feira pelos conselheiros do Presidente da República, Cavaco Silva, que convocou Vítor Gaspar a comparece à primeira parte do Conselho de Estado depois do anúncio de mais medidas de austeridade. A contestação às medidas, nomeadamente, a descida da taxa social única (TSU) com o aumento do desconto dos trabalhadores para a Segurança Social está no centro das atenções, num xadrez político onde o PS se posiciona contra e o Governo de coligação manifestou publicamente divergências.