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Berlim torna-se primeiro Estado alemão a legalizar circuncisão

06 set, 2012 • Filipe d’Avillez

Médicos são expressamente autorizados a circuncidar meninos por razões não-médicas, mas rabinos ficam a aguardar legislação nacional.  

Berlim torna-se primeiro Estado alemão a legalizar circuncisão
Depois de um tribunal estadual de Colónia ter decretado que a circuncisão de menores por razões não médicas é ilegal, Berlim, que enquanto capital da Alemanha é também um Estado, legalizou oficialmente a prática numa lei aprovada ontem.

A lei de Berlim serve sobretudo para apaziguar médicos que expressaram preocupação de que pudessem ser processados por fazer circuncisões, mas segundo a mesma, apenas os médicos ficam autorizados a fazê-lo e só depois de informarem os pais dos riscos inerentes.

De fora ficam os mohel, judeus especializados em fazer circuncisões que podem, ou não, ser também rabinos, mas que não são necessariamente médicos. Contudo, espera-se que a Alemanha venha a aprovar legislação nacional que regularize toda esta situação e reestabeleça a anterior prática, segundo a qual os não médicos podem também fazer a circuncisão no contexto de uma cerimónia religiosa.

Na tradição judaica qualquer homem que saiba pode fazer a circuncisão. No judaísmo tradicional as mulheres só podem circuncidar caso não haja outra alternativa, mas algumas correntes mais liberais já o permitem como prática normal.

Caso o pai da criança saiba circuncidar, então não lhe é permitido delegar a função. Mas em muitos casos os casais judeus recorrem aos mohel para o fazer.

Para além dos judeus, que devem circuncidar todos os rapazes aos oito dias de vida, também os muçulmanos circuncidam os seus filhos, embora as datas variem de região para região.

Depois da decisão do tribunal de Colónia vários estados alemães e alguns países vizinhos começaram a questionar ou a limitar a prática da circuncisão, algo que tem alarmado as comunidades religiosas que consideram o assunto uma matéria de fé.