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Líder islâmico promete proteger cristã presa por blasfémia no Paquistão

05 set, 2012

Hafiz Ashrafi, uma das principais figuras do Islão paquistanês, criticou ainda o imã que alegadamente tentou tramar Rimsha Masih.

Um dos mais importantes líderes islâmicos do Paquistão garantiu ontem que se responsabilizaria pela segurança de Rimsha Masih, a cristã menor com deficiência mental que ainda se encontra detida por alegada blasfémia, caso ela seja libertada.

O secretário-geral do Conselho de Académicos Islâmicos do Paquistão, Hafiz Ashrafi, fez a sua promessa durante uma conferência de imprensa, no qual apelidou a rapariga de “filha da nação”.

Rimsha foi presa há várias semanas quando foram encontradas num saco que transportava algumas folhas do Alcorão, no meio de outros papéis queimados.

Entretanto, contudo, e num acto sem precedentes no Paquistão, o imã da aldeia de Rimsha, um dos principais acusadores, também foi preso depois de um funcionário da mesquita ter denunciado que o viu a rasgar as folhas e a coloca-las no saco da menina, para “fortalecer” o caso contra ela.

Perante esta alteração dos eventos aumenta a possibilidade de Rimsha ser libertada, mas a sua vida ainda poderá estar em perigo uma vez que grande parte da população islâmica da sua aldeia tem manifestado apoio ao imã Chisti.

Ashrafi parece acreditar na culpabilidade do imã e afirmou na mesma conferência de imprensa que “as nossas cabeças estão rebaixadas com vergonha pelo que fez Chisti”.

O Paquistão prevê a pena de morte ou prisão perpétua para quem blasfemar contra Maomé ou contra o Alcorão. Na realidade as condenações são quase sempre anuladas pelos tribunais superiores e nunca ninguém foi executado por blasfémia, mas frequentemente os acusados são perseguidos ou assassinados extrajudicialmente.

A promessa de protecção de Ashrafi é por isso da maior importância e representa a primeira vez que uma pessoa acusada de blasfémia no Paquistão recebe esse tipo de apoio.

A lei da blasfémia no Paquistão tem sido muito criticada por ser fácil de abusar. As vítimas costumam ser de minorias religiosas, como cristãos ou hindus, e muitas vezes os testemunhos não passam da palavra dos acusadores, pelo que a lei é facilmente invocada por razões pessoais.