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Cardeal Martini vai a sepultar, mas criticas ainda ressoam

03 set, 2012

O arcebispo emérito de Milão concedeu uma entrevista que foi publicada depois da sua morte e na qual diz que a Igreja está 200 anos atrasada em relação ao mundo.

Cardeal Martini vai a sepultar, mas criticas ainda ressoam
Vai hoje a sepultar o Cardeal Martini, arcebispo emérito de Milão.  O enterro terá lugar esta tarde na catedral daquela cidade.

Bento XVI, que manifestou publicamente o seu pesar pela morte do cardeal, não marcará presença, mas será representado pelo cardeal Comastri, arcipreste da basílica de São Pedro. A missa será presidida pelo actual arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola.

Martini foi arcebispo de Milão durante mais de duas décadas e tornou-se uma voz muito influente na Igreja, sendo apontado como potencial sucessor de João Paulo II. O arcebispo, que foi ordenado nos jesuítas, era uma figura muito respeitada a nível global, mas era particularmente estimado pela ala mais liberal da Igreja.

Na edição de sábado do Corriere della Sera foi publicada uma entrevista ao cardeal Martini, feita pouco antes de morrer, na qual o arcebispo adopta um tom muito crítico do estado actual da Igreja. Martini afirma que esta está 200 anos atrasada em relação ao mundo e defende mais reformas: “A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e estão vazias e a burocracia aumenta, os nossos ritos religiosos e as vestes que usamos são pomposos.”

As críticas de Martini não são novidade, já num encontro com Bento XVI em Junho teria dito que a igreja vive um momento “muito difícil”. Apesar das suas diferentes opiniões sobre aspectos teológicos, tanto Bento XVI como João Paulo II sempre confessaram a sua admiração por Martini, a quem o actual Papa chamava o seu “amigo jesuíta”.